Juan Carlos Mechoso Mendez nasceu em 1935, no Departamento de Flores, no centro-sul do Uruguai. Sua família de trabalhadores pobres migrou para Montevidéo na década de 40 em busca de trabalho.
Foram morar em La Teja e Cerro, bairros operários, com muitas fábricas e onde estavam os frigoríficos mais importantes do país. As lutas operárias eram uma constante e, no caso dos Frigoríficos, elas envolviam praticamente quase toda a população desses distritos. Com isto, Mechoso viveu desde muito cedo as lutas operárias, ambiente no qual cresceu e onde desenvolveu, junto a seus irmãos, inquietudes que o acompanharam pelo resto da vida.
Aos 14 anos de idade, já trabalhando na indústria da carne, Juan Carlos junta-se ao movimento anarquista, movimento com força e inserção nesses bairros, e participa ativamente na formação da Federação Anarquista Uruguaia (FAU), em 1956, uma organização na qual milita até hoje.
Naquilo que se designa de “ditadura constitucional”, um preâmbulo para a ditadura brutal de 1973-1985, foi questionado pela polícia e “justiça”, em 1969, por suas atividades políticas, por pertencer à FAU e ao seu braço armado, a Organização Popular Revolucionária (OPR). Militou quatro anos na clandestinidade e foi preso em março de 1973. Ficou na prisão Libertad por 12 anos. Ele foi levado duas vezes a tortura, junto com companheiro da FAU, na operação de localizar a “Bandeira do 33 Orientais” que a ditadura estava determinada a recuperar. Esta bandeira foi removida do Museu Histórico em 1969 pelo OPR. Até hoje ela não foi recuperada.
Um de seus irmãos, Alberto “Pocho” Mechoso, lutador, anarquista, foi sequestrado na Argentina e figura entre os desaparecidos até há pouco tempo. Assassinado pela ditadura no âmbito do Plano Condor, o corpo de Alberto foi encontrado em um rio em um barril cheio de cimento.
Participou e participa de atividades sociais, sindicais e políticas. Hoje, com quase 80 anos, continua a lutar, dentro das suas possibilidades, na perspectiva de um mundo socialista e libertário.
Ao companheiro Mechoso, as homenagens do Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro, por sua coerência revolucionária em seus 80 anos de vida.