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Denúncia - 1 de fevereiro de 2016

Solidariedade ao Companheiro Dirceu Greco

O Grupo Tortura Nunca Mais/RJ declara seu total apoio ao companheiro Dirceu Greco que foi recentemente censurado pelo Ministério da Saúde, em ação que nos lembra os terríveis tempos de ditadura e de AI-5 . Compartilhamos na íntegra duas notas que explicam o caso: uma emitida pelo Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania (IHG – BH/MG) e outra escrita pelo próprio Dr. Dirceu Greco.

Nota emitida pelo Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania (IHG – BH/MG):
Toda nossa solidariedade ao companheiro Dirceu Greco,
 mais uma vez alvo do reacionarismo, truculência, censura e obscurantismo do governo federal
O Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, mais uma vez, vem a público prestar irrestrita solidariedade ao companheiro Dr. Dirceu Greco que, no último mês de dezembro, foi alvo de draconiana censura por parte do Ministério da Saúde, bem nos moldes dos tempos do AI-5.  Tendo sido convidado pelo próprio ministério para escrever um artigo para o livro História de lutas contra a AIDS – comemorativo dos trinta anos de luta contra o HIV no Brasil – ele o fez. Seu artigo, no entanto, foi sumariamente vetado – não houve qualquer comunicado ao autor.
Dirceu Greco é filho de Helena Greco, apoiador do Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, professor titular da Faculdade de Medicina da UFMG, pesquisador e bioeticista cuja prática política e acadêmica é baseada na defesa intransigente dos direitos humanos e no combate ao processo de comoditização do conhecimento.
Não é a primeira vez que Dirceu foi alvo do obscurantismo que tem prosperado no governo federal.   Em 2013, foi demitido – também sumariamente – do Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, onde ocupava o cargo de diretor desde 2010.    A censura, então, se abateu sobre campanha de prevenção de HIV/AIDS com foco nas prostitutas, a qual foi construída pelas próprias prostitutas em oficina comunitária nacional. http://institutohelenagreco.blogspot.com.br/2013/06/nota-de-solidariedade-ao-dr-dirceu.html
Naquela ocasião, o governo Dilma Rousseff capitulou diante pressões do fundamentalismo evangélico, que prima pela criminalização da diversidade e das lutas das comunidades LGBTs.  A recente arbitrariedade do Ministério da Saúde contra o companheiro Dirceu Greco – a censura de seu artigo – consolida nossa convicção de que o reacionarismo, o obscurantismo e o autoritarismo constituem política de governo, à qual repudiamos com veemência.
A nomeação do psiquiatra (?????) Valencius Wurch Duarte Filho – arauto da reação contra a luta antimanicomial e ex-diretor técnico do manicômio/masmorra/centro de torturas Dr. Eiras, fechado em 2012 por graves violações dos direitos humanos –para a Coordenação Nacional de Saúde Mental do Ministério da Saúde é mais uma evidência lastimável do tipo de política pública deletéria que tem sido implementada pelo governo federal.
Belo Horizonte, 27 de janeiro de 2016
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania (IHG – BH/MG)”
Nota de denúncia escrita pelo Dr. Dirceu Greco:
“6 de dezembro de 2015
Prezados e prezadas,
Realmente sou um neófito nas redes sociais e meu contato com o mundo externo vinha sendo só através de emails e, claro, telefone. Agora me rendo ao Facebook e dele vou utilizar para divulgar mais um fato que me indignou.
Este fato se relaciona à decisão do Ministério da Saúde sobre um texto que escrevi para a recente publicação “A Síndrome – 30 anos de luta contra a Aids” (ISBN 978-85-334-291-2, 2015), lançada no final de novembro de 2015 pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais (DDAHV).
Os fatos:
Em meados de 2014, 30 pessoas no Brasil receberam convite oficial do Departamento, com o intuito de celebrar “30 anos de boa luta”, para “narrar os fatos acontecidos, suas experiências corriqueiras e o cotidiano de seu protagonismo frente à epidemia da aids”. O convite continuava afirmando que para celebrar esta data o DDAHV iria lançar “um livro comemorativo relembrando fatos que fizeram do pais líder no enfrentamento da epidemia. Será composto por 30 artigos de personalidades importantes na luta contra a aids. Por isto sua participação é imprescindível.” (transcrito do convite citado, grifo meu).
Entendi este convite como reconhecimento da minha atuação na luta contra a aids no Brasil e pelo fato de ter sido diretor do DDAHV (2010-2013). Evidentemente, como protagonista do enfrentamento da epidemia desde seu início, professor universitário, infectologista, pesquisador e cidadão envolvido (como tantos outros) na luta pela igualdade, pelos direitos humanos, contra qualquer discriminação, contei no texto este relato histórico.
Nele discorri não só sobre os êxitos da resposta brasileira precoce e pública, do acesso universal pelo SUS aos medicamentos e cuidados mas também e evidentemente sobre os problemas. Entre estes se incluem os retrocessos induzidos por conservadorismo, que levou o MS a censurar campanha que envolvia gays, a recolher publicações dirigidas à necessária discussão em escolas e também material relacionado à declarações de prostitutas.
Após entregar o manuscrito, recebi do atual diretor do DDAHV solicitação de  modificação, pois segundo ele havia críticas e citação de nomes. Concordei com a retirada dos nomes, mantive as críticas, todas de amplo conhecimento público, e reencaminhei nova versão em dezembro de 2014.
O texto está acessível na íntegra em :
https://www.dropbox.com/home?preview=30anos-versao+Greco+21Dez14 .docx.
O livro foi lançado durante o 10o Congresso de HIV/Aids e 3o Congresso de Hepatites Virais (João Pessoa, 17- 20 Nov 2015) e, indignado, vi que meu texto não foi incluído entre os 30 publicados.
Acentuo que a indignação não está relacionada com a exclusão de meu nome mas sim com a falta de respeito, prepotência e truculência nesta incabível censura, numa tentativa extemporânea e, por que não dizer, stalinista, de tentar mudar a história.
Neste complexo cenário brasileiro, onde a ética e os direitos humanos tem sido tão agredidos, e também por tudo que lutamos e continuamos lutando, entendo que não é possível deixar que isto passe em branco.
Abraço,

Dirceu Greco.”

Fonte: http://institutohelenagreco.blogspot.com.br/
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