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- 24 de junho de 2013

Dênis Casemiro

Militante da VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA (VPR).

Esteve na lista de desaparecidos até 13 de agosto de 1991, quando seus restos mortais foram identificados e trasladados para sua cidade natal.

Nascido em 9 de dezembro de 1942, na cidade de Votuporanga, SP, era filho de Antônio Casemiro e Maria Casemiro.

Trabalhador rural, desenvolvia trabalho político no sul do Pará, onde cuidava de um sítio próximo a Imperatriz, Maranhão. Localizado e preso pelo Delegado Sérgio Fleury, em fins de abril de 1971, foi trazido para o DOPS/SP, onde foi torturado por quase um mês. Durante esse período, era sempre transportado pelos corredores daquele órgão policial com um capuz cobrindo seu rosto, para impossibilitar sua identificação pelos demais presos. Um desses presos era Waldemar Andreu, conterrâneo de Dênis, que chegou a conversar com ele por alguns minutos. Ele estava confiante de que a retirada do capuz era um sinal de que as torturas acabariam e que o perigo de ser assassinado havia passado.

Mas foi fuzilado pelo próprio Delegado Fleury, em 18 de maio de 1971. Em relatório interno do DOPS, é narrada com sarcasmo a morte de Dênis. Segundo um dos torturadores, Dênis pediu para não ser morto, chegando a chorar. A seguir descreve a ten-tativa de fuga e os tiros pelas costas desferidos pelo policial. Este relatório, posteriormente, foi mostrado pelos policiais a alguns presos, como ameaça de que algo igual poderia acontecer com aqueles que não colaborassem. A requisição de exame feita pela polícia para que o IML procedesse à necrópsia, relata a tentativa de fuga seguida de morte. Segundo a polícia, Dênis teria tomado a arma de um policial e morreu ao travar um tiroteio com as forças de repressão. Seu corpo, no entanto, teria sido encontrado no pátio do IML, que procedeu à sua necrópsia. No laudo necroscópico, realizado pelos legistas Renato Cappelano e Paulo Augusto de Queiróz Rocha, apenas está descrita a trajetória das balas que o mataram, sem nada falar sobre o estado do corpo. Preocupados em legitimar a versão policial, ignoraram as torturas sofridas pelo preso.

Dênis foi enterrado secretamente com os dados pessoais alterados para dificultar sua identificação. No livro de registro de sepultamentos do cemitério ele teria 40 anos e demais dados ignorados. Na realidade tinha 28 anos e todos os seus dados constavam do atestado de óbito. Sua história passou a ser desvendada a partir da campanha pela Anistia, em 1979, quando foram tomados relatos de ex-presos políticos.

Seus restos mortais encontravam-se na Vala de Perus, juntamente com outras 1049 ossadas. Só foi possível a identificação de seus restos mortais porque a prefeita Luíza Erundina, a partir de 1990, determinou as investigações das ossadas encontradas.

No dia 13 de agosto de 1991, seus restos mortais, depois de identificados na UNICAMP, foram enterrados em Votuporanga, como herói, velado na Câmara Municipal da Cidade e com missa de corpo presente na Igreja Matriz.

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