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Comunicação - 24 de novembro de 2016

Modesto da Silveira, Presente!

O Grupo Tortura Nunca Mais/RJ comunica com grande pesar o falecimento do nosso companheiro e amigo, Antônio Modesto da Silveira.

Modesto nasceu em 1927, em Minas, filho de lavradores sem terra. Desde cedo, teve de ganhar a vida como lavrador e ajudante de carro de bois. Aos nove anos, era operário de pedreira, voltando, por vezes, à lavoura. Foi engraxate, lenhador e guia do cego Benedito Fonseca, que terminou por orientar seu pequeno guia, ajudando-o a entrar na escola. O pequeno lavrador e candeeiro torna-se advogado; para tocar a vida no começo da carreira, ingressou na Marinha Mercante, e também, foi professor, tradutor e jornalista. Ao se formar em Direito, quase à época do golpe civil militar de 64, dedica-se à defesa dos presos e perseguidos políticos. Heleno Fragoso, um dos maiores juristas brasileiros, ao escrever sobre essa advocacia especial, relata que “Modesto da Silveira foi o advogado que mais defendeu os perseguidos da ditadura”.

Modesto centrou sua vida na defesa dos direitos humanos. Perseguido por causa da sua atuação corajosa, ele e suas filhas menores sofreram todo tipo de ameaça. Foi então seqüestrado por agentes do DOI-CODI da Rua Barão de Mesquita. Esse seqüestro ocorreu antes aos dos criminalistas Heleno Fragoso, George Tavares e Augusto Sussekind, e sucedeu ao de Vivaldo Vasconcelos, Antônio Evaristo de Moraes e Sobral Pinto, todos torturados pela ousadia de denunciar a tortura e defender perseguidos políticos.

Modesto da Silveira lutou pelo Estado de Direito quando, sob o manto do mais feroz terror policial, a população sofria detenções ilegais, tortura, assassinatos e desaparecimento de pessoas, a odiosa prática institucionalizada com a finalidade de exterminar a oposição política.

Nos tribunais, foi precursor da pregação da anistia ampla, geral e irrestrita aos perseguidos políticos. Já no declínio da ditadura, foi o candidato da esquerda mais votado para Deputado Federal do Rio de Janeiro. No Parlamento, ampliou sua luta pelos direitos humanos. Ao ler seus livros, observamos que Modesto se dedicou, com a mesma perseverança, à defesa dos lavradores sem-terra, trabalhadores urbanos, populações da floresta, minorias discriminadas e aos grandes temas de interesse nacional.

Modesto da Silveira recebeu do GTNM/RJ a Medalha Chico Mendes de Resistência, em 1999.

O país perde um grande advogado defensor dos direitos humanos e seus companheiros, um grande brasileiro, que dedicou sua vida pela liberdade e pela democracia.

Modesto da Silveira, presente!

PELA VIDA, PELA PAZ,

TORTURA NUNCA MAIS!

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