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Memória - 7 de dezembro de 2015

Felícia Moraes, Presente!

Felícia Moraes faleceu no dia 05 de dezembro de 2015, no Rio de Janeiro. Esposa de Ruy Frazão militante do PC do B, desaparecido desde 27 de maio de 1974, quando foi preso na Feira de Petrolina-PE por três policiais armados de revólveres que o espancaram, o ameaçaram de morte, o algemaram e, contra sua reação e dos companheiros da feira, que vieram em sua defesa, foi jogado no porta-malas de uma camioneta negra. Suas últimas palavras, dirigidas a um feirante foram: “Avisa a Licinha” (Felícia).

Felícia e os irmãos entraram para o mercado de trabalho muito cedo, e tal fato os levou a uma participação política. Ela teve uma atuação no movimento de alfabetização de adultos, em Recife. A partir daí, com outros companheiros fundou um núcleo da Ação Popular, onde permaneceu até 1972. Em 1968, casou-se com Ruy Frazão e, no Pindaré-Mirim/MA participou da vida, das lutas e das experiências de organização dos trabalhadores, numa área de conflito pela posse da terra.

Em 1972, nasceu seu filho – Henrique -, e sua vida sofreu muitas alterações, ela teve mais consciência da situação em que se encontrava como relata na entrevista concedida a pesquisa da ESS/UFRJ: “Eu acho que a mudança da minha vida tá em relação ao nascimento de Henrique. Eu vi que ele é a razão da minha vida e a razão da minha morte, porque muitas coisas eu deixei de fazer por conta dele, mas muitas coisas eu fiz por conta dele também”(10/05/2000).

Após a morte do marido, ela desliga-se do PC do B, e retorna a legalidade, e inicia a reconstituição da história de vida da sua família, assumindo um compromisso com a sua própria vida e a do seu filho. Não deixou de se preocupar com a situação política do país, participando do CBA (Comitê Brasileiro pela Anistia).

Logo após, o desaparecimento de Ruy, ela e a família do marido, iniciaram as buscas no sentido de encontrá-lo. Felícia e Henrique moveram uma ação judicial, reponsabilizando a União pelo desaparecimento de Ruy. Esta ação foi vencedora , em 26 de março de 1991, quando a 1ª Vara da Justiça Federal de Pernambuco, responsabilizou a União pela prisão, morte e ocultação do cadáver de Ruy Frazão Soares, sem, entretanto, devolver os restos mortais.

Felícia tinha consciência que as ações na Justiça, as lutas pelo esclarecimento de paradeiro do marido, tiveram um sentido educativo para o filho. Participou ativamente do movimento feminista e trabalhou no Conselho Estadual da Mulher/RJ. Era uma pessoa otimista, para ela o sonho não acabou e afirmava: “ se não puder continuar a luta, outra pessoa continuará”(10-05-2000).

O velório está acontecendo neste momento (7 de dezembro das 13 às 18horas), na Capela 8 do Memorial do Carmo.

Felícia Moraes, Presente! Hoje e Sempre!

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