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Comissão da Verdade - 30 de janeiro de 2014

A verdade faz bem ao Brasil

Por Antônio Roberto Espinosa

 Caras/os companheiras/os,

Creio que a identificação e convocação desses três torturadores para a audiência da CNV a respeito do centro de massacre humano da PE do Realengo já represente um fato histórico de relevância transcendente, embora deva ser possível convocar um numero maior de envolvidos. Os três sabem tudo sobre o assassinato do nosso companheiro Chael e têm muito a elucidar sobre a violência sexual de que foi vitima e sobre as causas da desagregação psíquica da Maria Auxiliadora. O coronel Ari e o capitão Lauria, além disso, têm muito a declarar sobre o envolvimento do alto comando do Exército na prática da violência sistemática do regime contra as oposições, pois chegaram ao alto oficialato e a PE era uma unidade de elite do I Exercito. O capitão Guimarães e o tenente Ailton podem esclarecer como a PE e depois também o DOI-Codi da Barão de Mesquita construíram conexões entre a repressão política e o crime organizado, passando pelo contrabando, o tráfico de armas e o narcotráfico.

Por isso acho de importância capital que nos empenhemos ao máximo para o sucesso de mais essa iniciativa da CNV e saúdo a coragem e o esforço do companheiro Túlio-Calmon. Esforcemo-nos para levantar mais endereços e mais nomes dos integrantes daquele porão da ditadura. E nos mobilizemos, os de fora, para viajar ao Rio e os cariocas para participar do reconhecimento da PE do Realengo. É o mínimo que podemos fazer em honra do nosso companheiro Chael, que perdeu a vida em meio a tormentos terríveis. E o mínimo que podemos fazer para elucidar a forma pela qual foi morto nosso companheiro João Lucas Alves e outros, como virtualmente o Severino Cólon. E para divulgar o que ali marcou de forma trágica o futuro da Chica, Dodora. Nosso sangue continua misturado com o chão daqueles xadrezes e aqueles corredores ainda ecoam nossos espasmos de dor. Ás vezes ainda ouço o chacoalhar de chaves nos corredores, ruído que indicava mais uma sessão de degradação da condição humana…

Indago ainda se alguém se lembrou de convidar o Caetano Veloso e o Gilberto Gil, que também estiveram presos na PE. Lembro-me que, nas sessões de pancadaria e choques elétricos, oficiais torturadores comentavam, entre gargalhadas sinistras, que raparam a cabeça dos dois cantores, em frente à tropa reunida, durante uma execução do Hino Nacional, e incendiaram as cabeleiras numa cerimônia macabra de civismo doentio.

Temos o dever moral e o compromisso com o Chael de fazer com que as investigações a respeito dessas crueldades sejam o mais amplas, profundas e esclarecedoras possíveis.

 Um grande abraço a todas/os.

 

Por Francisco Celso Calmon 

O secretário executivo da CNV entrou hoje em contato comigo  para informar que da lista que enviei, apenas três foram localizados, Capitão Ailton Guimarães, o bicheiro, (não confundir com o tenente Ailton Joaquim Jorge, também não há certeza do nome completo, chefe da S2) cap. Celso Lauria e o coronel Ari de Carvalho. É  muito pouco de um total de 13 informados.

O Ministério da Defesa não ajuda, a não ser quando todos os dados estão corretos, a CNV pesquisa através de seus profissionais, jornalistas e colaboradores, portanto, o que cada um de nós puder fazer, temos que fazer até terça feira, 14, data limite para enviar convocação etc.

Saudações

 

Emoções – coerência em Osasco

Finalmente foi remarcado para 23 e 24 de janeiro.

Os agentes de Estado identificados são:

Marco Antonio Povarelli;

Atilio Rossoni;

Walter da Silva Rangel;

Paulo Roberto de Andrade;

Celso Lauria;

Ailton Guimarães.

Estes citados acima, a CNV já os identificou, mas não está completa a lista.

Faltam oito: tenente Ailton Joaquim Jorge, era o chefe da S2, não só pela função, mas também porque gostava de torturar e de se gabar que era exímio atirador; soldado (engajado) Marcolino (contava que ficava excitado quando torturava); cabo Gilberto, cabo Mendonça, um dos torturadores cruéis do Chael Charles; sargento Machessi; major Lacerda, creio que era o comandante da PE; capitão João Luiz, se não me falha a memória, foi o terror do Reinaldinho; Coronel Ari de Carvalho, creio que era o comandante da Vila.

Irão como testemunhas além de mim: Baiardi, Espinosa, Luiz Antonio, Façanha, DaRim.

Se alguém ainda tem alguma contribuição, seja com nomes de testemunhas dispostas a comparecer, seja de torturadores e a linha de comando, favor contribuir até segunda, 6, pela manhã.

 

Abaixo os emails que narram a iniciativa.

Faremos com a CNV uma diligência à PE da Vila Militar no Rio para INDENTIFICÁ-LA como um centro de tortura e extermínio . E também citaremos os torturadores que nos seviciaram e assassinam Chael Charles há 44 anos.Para tanto, necessito dos nomes dos companheiros que por lá passaram, em especial os 19 da  VAR do processo da 2ª Auditoria da Marinha e que estão dispostos a comparecer. Os de fora do Rio enviar todos os dados para emissão de passagens.

Necessitamos igualmente de mais identificação dos torturadores, além do que já descrevi nos emails abaixo.

Como o tempo é pequeno, solicito máxima brevidade.

 

Por Amílcar Baiardi

Um grupo de companheiros que foram indiciados no processo da segunda auditoria da Marinha, também conhecido à época como o dos 19 da VAR-Palmares, tiveram passagens pelo DOI da Barão de Mesquita e eram encaminhados a sua sucursal na PE da Vila Militar, isso no final de 1969  e início de 1970. Para o nosso grupo, a PE foi um centro de  terrorismo, no qual além de vítimas testemunhamos o esquadrão da morte eliminando presos comuns.

Lá na PE assassinaram Chael Charles, 19 anos, estudante de medicina, por lá passaram Maria Auxiliadora (Dodora), suicídio na Alemanha, e mais: Espinosa, Reinaldinho, Jaime Cardoso, Aretuza, Maria Luiza (Malú, 16 anos), Carlos Minc, Silvio Da Rin, josé Delce Façanha, Luiz Antonio Medeiros, Dalila, Amilcar Baiardi, Januário Pinto de Oliveira (Palito), José Dorado (Baianinho), eu, Francisco Celso, e… não lembro dos demais.

Temos os nomes de todos os torturadores, entre eles o famigerado capitão Guimarães, durante tempos foi chefe da liga das escolas de samba, desfilava como um rei no carnaval carioca para arrepio indignado e repulsivo de nós outros.

A rede de comando e torturadores: o coronel João Luiz, o capitão Lauria, o tenente Aylton, os sargentos Rossoni, Andrade, Machessi, Rangel, os cabos Mendonça, Povarelli, Gilberto, o soldado Morcolino, sob eles recai o assassinato por tortura  de Chael Charles, entre outras barbáries.

Creio que se o Coletivo-RJ  junto a CEV e a CNV, organizasse uma ida nossa lá na PE da V.M., estaríamos, à semelhança da ida à PE da B.Mesquita, ampliando a memória do terror do Estado no Rio de Janeiro.

 

 

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