O Grupo Tortura Nunca Mais/RJ comunica que partiu mais um companheiro cruelmente dilacerado pela ditadura civil-militar.
José Ruivo, estudante de Direito foi membro da Diretoria do DCE da UFRJ de 1968-1969. Foi militante da Di-GB (dissidência do PCB na Guanabara) e do MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro). Foi preso aos 23 anos de vida em um dia de fevereiro de 1970 quando, corajosa e heróicamente, permaneceu no apartamento onde vivia clandestinamente, enfrentando a repressão que já cercava o local onde se encontrava para possibilitar a fuga do companheiro ferido a bala, José Roberto Spiegner – que seria assassinado horas depois naquele mesmo dia. Ruivo foi preso e levado para o DOI-CODI/RJ onde foi brutalmente torturado.
Saiu do país no ano de 1972 rumo ao Chile profundamente fragilizado psicologicamente pelas torturas sofridas. Após o golpe no Chile, Ruivo foi para a Suécia como asilado político.
Foi um dos poucos brasileiros autorizado pela ditadura a voltar com seus pais para o Brasil, em 1976, visto que os laudos dos psiquiatras suecos atestavem seu profundo sofrimento psiquico. De lá para cá sua vida foi muito dura, sobretudo após a morte de seus pais. Nunca mais se recuperou.
A ditadura que não matou seu corpo em 1970, assassinou-lhe a alma.
Seu corpo deixou de viver numa tarde de 6 de julho de 2016, seu imenso coração descansou aos 69 anos ao sofrer um infarto fulminante.
À você, Zé, nossas homenagens, nosso carinho e nosso respeito por sua coragem, por sua história e por ter conseguido suportar por 46 anos tanta morte em vida.
Saudades!
José Ruivo Vive!
Pela Vida, Pela Paz
Tortura Nunca Mais!