GTNM

 
 
 

Histórico do Projeto Clínico-Jurídico GTNM-RJ

O GTNM/RJ, desde sua fundação, em 1985, preocupou-se com a saúde emocional de seus membros associados bem como das pessoas que participavam de algumas de suas atividades. Nos primeiros momentos, em situações emergenciais, a diretoria do GTNM/RJ buscou apoio de instituições e de profissionais sensíveis ao tema dos direitos humanos e conhecedores de sua ligação com a saúde mental. Porém, a situação dos Serviços de Saúde Pública não era favorável: o desinvestimento de recursos no setor ocasionava uma franca deterioração na qualidade desses serviços. Por outro lado, a recente experiência da ditadura civil-militar marcou a formação de toda uma geração de profissionais, orientados para uma perspectiva clínica dissociada dos componentes político-sociais e éticos.

Assim, alguns profissionais envolvidos na luta pelos direitos humanos, a pedido da diretoria do GTNM/RJ, elaboraram com ela um Projeto de apoio médico-psicológico para atender aqueles militantes que foram torturados, bem como os familiares de mortos e desaparecidos políticos na época da ditadura. Essa iniciativa recebeu, pela primeira vez, em 1991, o apoio financeiro do Fundo Voluntário das Nações Unidas para as Vítimas de Tortura – FVNUVT, do qual o Brasil é signatário.

Nos anos de 1996 e 1997, o Projeto recebeu suporte financeiro da Comissão Europeia, o que permitiu a ampliação da assistência clínica para um número maior de pacientes e a oferta de novas modalidades terapêuticas. Esta expansão do Projeto possibilitou então a inserção de outro segmento: os afetados pela violência do Estado, hoje.

Ao longo desses anos de trabalho, o Projeto Clínico-Jurídico tem se dedicado a pensar e intervir sobre os fenômenos contemporâneos da violação dos direitos humanos. A tecnologia da violência de Estado sofreu alterações no Brasil, sem perder várias características presentes nos anos da ditadura, instalada pelo golpe civil-militar de 1964 e vigente até 1985. O desafio contemporâneo é o de encontrar formas de ação clínico-jurídica-política, considerando os atuais atingidos pela violência institucional: pobres, moradores das periferias e favelas e presidiários. Assim, em 2000, criou-se um dispositivo especial, as oficinas de Saúde Mental e Direitos Humanos, para, junto a profissionais de saúde e de programas sócio-educativos – profissionais que atendem diretamente o público afetado pela violência hoje –, problematizar as produções da violência e construir estratégias de intervenção mais adequadas no atendimento aos atingidos pela violência atual.

Os profissionais da Clínica e do Jurídico atuaram por vários anos, conjuntamente, na abordagem de reparação e continuam participando de variados fóruns sobre as questões ligadas à defesa dos direitos humanos.