CULTURA

LITERATURA

Ao pé do muro



Livro do escritor italiano Cesare Battisti, lançado em São Paulo em 26 de Abril último, no Anfiteatro de Geografia da USP.

“Ao pé do muro, de Cesare Battisti, conta a história de Augusto, foragido internacional que vem para o Brasil em busca de proteção. Mas a paz tão perseguida, que poderia se delinear nas ladeiras e praias do Rio de Janeiro, no sol escaldante e na cerveja gelada, vem acompanhada de um sentimento de inquietação constante afinal, muitos olhos estão voltados para ele. Muitos são os que estão em seu encalço. As belezas e tristezas de um país tão intenso e colorido, emotivo e sofrido, são filtradas pelo olhar do protagonista, que observa o novo mundo tanto do lado de dentro quanto de fora dos muros da prisão. Suas reminiscências se mesclam aos relatos de outros detentos, que, juntos, "olham para sua porta com tamanha insistência e minúcia que, na superfície de metal liso", esculpem "uma vida inteira e, mais que isso, os sonhos de várias vidas".”

 

Princípio da Solidariedade

Autora: Ednéia de Oliveira Matos Tancredo
Academia Olímpia Editora e Livraria
126 páginas.

Trata de como através do princípio da solidariedade, se constitui um Estado Democrático de Direito. O livro foi a dissertação de Mestrado da autora na Faculdade de Direito da UERJ. Militante dos direitos políticos, preocupada com as questões nacionais e a necessidade da efetivação do Estado Social previsto na Constituinte de 1988.

Critica a individualização, a diferença e o ceticismo de nossa cultura. Com isso, vemos a necessidade de criar um novo sentido para dar dignidade à pessoa em todas as esferas criando um mundo mais fraterno, livre das amarras do capitalismo injusto, cruel e individualista.

 




Um livro de Bernardo Kucinski, jornalista, escritor e ex-professor da USP, trabalhou como assessor da Presidência da República durante o primeiro mandato de “Luis Inácio Lula da Silva”. Seu lançamento foi dia 27 de junho na OAB/RJ, juntamente com um debate com o autor sobre o tema “Direito à Justiça e à Memória”.

Este livro não veio para registrar somente os fatos do terrorismo do Estado, mas, também, para nos colocar dentro da dor e da memória. O senhor K. é o protagonista, dilacerado em seu amor paterno e os sentimentos de culpa: como não percebera o que acontecia com a filha, ele que também fora um resistente judeu na Polônia natal?

Um jovem casal, ela química, professora na Universidade de São Paulo, ele físico trabalhando em uma empresa, desaparece sem deixar o menor sinal. Pânico na família e nas amizades. Buscas incansáveis. Mais tarde a realidade se impôs, trágica e definitiva: eram militantes da resistência e tinham sido sequestrados, torturados e assassinados. Eles continuam na lista dos ‘desaparecidos’.

K. deveria ser uma leitura obrigatória para todos os membros da nossa tímida Comissão da Verdade, criada com quatro décadas de atraso.

 

 

NOTA PÚBLICA DO GRUPO TORTURA NUNCA MAIS/RJ
SOBRE OS LIVROS:

“DESAFIA O NOSSO PEITO” E “UM TEMPO PARA NÃO ESQUECER”

O Grupo Tortura Nunca Mais/RJ vem tornar público seu repúdio às tentativas que se fazem de desqualificar e, mesmo, denegrir as histórias de resistência daqueles que, corajosa e generosamente, se opuseram à ditadura civil-militar implantada em nosso país.

Tais tentativas encontram-se não só nas histórias “oficiais” — que ainda hoje criminalizam esses combatentes — mas também em uma certa lógica policial individualizante que culpabiliza exclusivamente o sujeito, isolando-o de seus inúmeros atravessamentos sócio-políticos, históricos etc.

Esta lógica policialesco-individualista — que denigre e mancha a memória de alguns companheiros — encontra-se presente em dois livros que falam de nossa história recente: “Desafia o nosso Peito” de Adail Ivan de Lemos e “Um Tempo para Não
Esquecer” de Rubim Santos Leão de Aquino.

Utilizando-se do mesmo modo de pensar que o Estado ditatorial brasileiro quando classificava resistentes como “inimigos do regime”, os autores citados fazem uso de categorias tais como: “infiltrados, dedos-duros, X-9, cachorros, colaboradores, traidores, delatores”, dentre outras. Em especial, no livro “Desafia o Nosso Peito” há tabelas ridículas que nomeiam presos políticos — muitos já mortos e desaparecidos — que à época “abriram, delataram, colaboraram, traíram e se infiltraram”, dentre outras afirmações perigosas e, mesmo, estarrecedoras. Lembram-nos em muito, os documentos ditos sigilosos, confidenciais e secretos da repressão.

Para que e a quem servem tais desinformações? O que elas produzem, especialmente no momento atual quando o governo brasileiro é condenado pela OEA e se instala uma Comissão da Verdade consentida? Como ficam os familiares e amigos dos companheiros citados nesses livros vendo-os enquadrados nas categorias apresentadas?

Embora a Presidente do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ à época, Cecilia Coimbra, tenha prefaciado o livro “Um Tempo Para Não Esquecer”, de Rubim Aquino, a gravidade de tal lógica — presente no capítulo “Colaboradores, Infiltrados e Informantes do Regime Ditatorial” — passou, lamentável e infelizmente, despercebida.

Por este motivo e através desta Nota, a atual Vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ, Cecilia Coimbra, vem a público comunicar que retira seu prefácio do livro do Prof. Aquino para as próximas edições.

O Grupo Tortura Nunca Mais/RJ entende que tal lógica policialesca em nada se diferencia dos discursos belicistas, acusatórios e difamatórios com os quais nos confrontamos ao longo dos últimos 40 anos, advindos dos setores mais conservadores  da sociedade brasileira.

Sendo assim, o Grupo Tortura Nunca Mais/RJ reafirma sua posição de cuidado e respeito ao falar de nossa história, de seus personagens e utopias, do que aconteceu, quando aconteceu, como aconteceu, bem como quanto a identificação dos responsáveis pelas violências então cometidas. Tudo isso implica em pensar a história de um outro modo, como a postura ético-política, em especial para com aqueles que não estão mais entre nós para testemunhar os horrores pelos quais passaram.

É a ditadura civil-militar e seu terrorismo de Estado que devem ser investigados, esclarecidos, publicizados e responsabilizados!

Pela Vida, Pela Paz
Tortura Nunca Mais!

Diretoria do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ

 

 

CINEMA

 

Perdão, Mr. Fiel – o operário que derrubou a ditadura militar no Brasil”

Documentário e debate

Ex-agente diz que Herzog e Fiel foram assassinados
A Comissão Parlamentar da Verdade, Memória e Justiça homenageou, em 17 de junho último, o líder operário Manuel Fiel Filho, sequestrado, torturado e morto pelos agentes da ditadura militar em janeiro de 1976. O documentário “Perdão, Mr. Fiel – o operário que derrubou a ditadura militar no Brasil” foi exibido aos parlamentares em audiência pública com o diretor do documentário Jorge Oliveira, a viúva de Fiel Filho, Thereza de Lurdes Marins Fiel, a filha Maria Aparecida, a procuradora federal dos direitos do cidadão Eliana Peres Torelly de Carvalho e o militante político e jornalista Jarbas da Silva Marques. O documentário pode ser assistido ou baixado no endereço http://www.perdaomisterfiel.com.br/.

O filme relata, com base em depoimentos, os últimos momentos da vida de Fiel Filho e o impacto do seu assassinato no comando da ditadura, pressionando a mobilização popular pela abertura democrática. Poucos meses antes fora morto, nos porões do DOI-CODI, o jornalista Vladimir Herzog. As afirmações mais contundentes são feitas pelo ex-agente do DOI-CODI, Marival Chaves. Segundo ele, os torturadores foram treinados para “chegar ao limite”, evitando a morte dos torturados, mas reconheceu que dezenas de pessoas foram mortas em cárceres privados e nas torturas. Ele disse ainda que os documentos que apareceram no período da “abertura democrática” são “história do Brasil” e que aqueles com conteúdo mais grave estão guardados por agentes do regime, dentre os quais nomina o então coronel Curió. Segundo ele, o jornalista Vladimir Herzog e o operário Fiel Filho foram assassinados pelos agentes da ditadura que consideravam as mortes durante as sessões de tortura um “acidente de trabalho”.


A viúva Thereza (d), o diretor Oliveira, a deputada Luiza, a procuradora Eliana e o jornalista Jarbas (Foto: Sérgio Francês)

Do texto:
Sizan Luis Esberci, Gabinete da deputada federal Janete Capiberibe – PSB/AP

 

 

Uma longa viagem


 

FORMATO:
95 min
HD Cam SR
Cor: Colorido
Som: 5.1

Site: www.umalongaviagem.com.br

EQUIPE TÉCNICA
Roteiro, produção e direção LÚCIA MURAT
Direção de fotografia DUDU MIRANDA
Montagem MAIR TAVARES
Direção de Produção TAINÁ PRADO
Som direto JOSÉ MOREAU LOUZEIRO
Edição de Som SIMONE PETRILLO e MARIA MURICY
Mixagem ROBERTO LEITE
Trilha sonora LUCAS MARCIER e FABIANO KRIEGER
Pesquisa e assistente de direção LÉO BITTENCOURT

Elenco: Caio Blat

SINOPSE
A história de três irmãos que viveram a radicalidade dos anos 70. A linha dramática é dada pela vida do caçula, que vai para Londres em 1969, enviado pela família para não entrar na luta armada contra a ditadura no Brasil, seguindo os passos da irmã. Durante os nove anos em que viaja pelo mundo, ele escreve cartas. O documentário mostra os anos loucos, quando drogas, misticismo e rock and roll andavam juntos pelas estradas mundo a fora. Contrapondo-se às cartas, os comentários em off da irmã e diretora Lúcia Murat, presa política que virou cineasta e hoje viaja pelo mundo, num processo inverso ao do irmão que, de viajante livre, foi obrigado a enfrentar diversos problemas. “Uma longa viagem” trabalha também sobre a memória, não só pela forma como é feita a investigação, mas também sobre o motivo do filme: a morte do terceiro irmão, o ponto de equilíbrio entre eles.