VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

 

8 de março – Dia Internacional da Mulher

No dia 8 de março – Dia Internacional da Mulher, as entidades feministas e movimentos sociais do Rio de Janeiro reuniram-se no Largo da Carioca, onde expuseram faixas e cartazes, colorindo o espaço com as bandeiras feministas, como a luta pelo combate à violência contra a mulher, além de outras reivindicações, e passaram a tarde falando com as mulheres que por ali passavam. Circularam dezenas de folhetos dos mais variados matizes políticos.

Reproduzimos abaixo o Alerta Feminista do Fórum Feminista do Rio de Janeiro:


ALERTA  FEMINISTA

O Fórum Feminista do Rio de Janeiro saúda as mulheres no seu dia

Hoje, como em todos os anos, nas manifestações de 8 de março – Dia Internacional da Mulher – estamos nas ruas, junto a outras entidades de mulheres do Rio de Janeiro, para denunciar a discriminação de todos os tipos, contra as mulheres, e para reivindicar nossos direitos em todas as áreas.

O Fórum Feminista do Rio de Janeiro foi criado no início da década de 1980 para congregar entidades e mulheres feministas, no sentido de unificar reivindicações em prol dos direitos das mulheres. Há 30 anos que cumpre esta tarefa, participando do conjunto de ações que, principalmente, a partir de 1975 – Ano Internacional da Mulher – têm sido desenvolvidas no âmbito do Rio de Janeiro e nos níveis nacional e internacional em defesa dos direitos das mulheres e, ao longo do processo, tem contribuído para a mudança do paradigma da situação da mulher na sociedade brasileira.

Este século de celebração e afirmação da luta das mulheres por igualdade, autonomia e liberdade foi conquistado pelas feministas de todo o mundo! No entanto, continuamos vivendo momentos de fortes agressões às mulheres pelo sistema machista. Somente nos últimos dias, uma menina foi estuprada dentro de um ônibus municipal, no bairro do Jardim Botânico, e uma jovem foi assassinada em uma festa, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminenese!

A violência é uma das mais radicais manifestações de discriminação contra as mulheres. Suas raízes estão na nossa cultura que diferencia homens de mulheres, de forma hierárquica. A violência sexista é uma dominação do homem sobre a mulher, uma demonstração de poder. O silêncio das mulheres faz com que a violência persista. Todos devem denunciar! O combate à violência doméstica contra a mulher é um desafio mundial. No Brasil, a Lei Maria da Penha é uma importante conquista pois reconhece a violência doméstica e familiar contra a mulher como um crime e não como um assunto privado, prevendo inclusive a reclusão do acusado. Mas precisamos estar alerta às interpretações do Poder Judiciário.

Até quando teremos que conviver com a violência contra a mulher!?

Autonomia sempre
O feminismo contemporãneo expressa e representa a principal característica do movimento social: a autonomia. Nesse olhar, pode-se perceber a importância da autonomia para a conscientização das mulheres e suas forças de transformação. Como? Estabelecendo prioridades, construindo critérios e compromissos de luta. Nossos erros passados repousam na perda dessa característica, e na eventual subalternidade de companheiras ao poder exercido no modelo patriarcal.
Não basta ser mulher e exercer o poder, tal e qual nossos representantes o faziam e fazem. É necessário estar envolvida com a transformação, com um novo papel e um novo exercício do mesmo. Ele deve se constituir por horizontalidade, ser rotativo e democrático, pois afirmado na pluralidade de vozes.

Pela autonomia do nosso corpo e da nossa vida!

Pela legalização do aborto
A interrupção voluntária da gravidez é um problema de saúde pública que tem sido tratado como crime! O aborto inseguro constitui a segunda causa de mortalidade materna no Brasil. Defendemos a descriminalização do aborto, compromisso assumido pelo Brasil em acordos internacionais, no sentido de eliminar a legislação punitiva às mulheres que interrompem a gestação, com segurança e apoio público do Estado. Temos o direito de decidir se queremos ou não ser mães.

Contra a prisão de mulheres que fazem aborto!

O Brasil que queremos
O Brasil que nós, feministas, queremos é uma nação que garanta oportunidades para todas suas cidadãs e cidadãos. Garanta a democracia de expressão e poder de escolha. Queremos uma nação que busque e pratique a coerência entre as leis e a vida daquelas e daqueles que são oprimidos e violentados.

O Brasil que nós, feministas, queremos é uma nação em que se permita celebrar as conquistas, mas também avaliar as perdas obtidas. Pelas lentes feministas, tudo deveria ser revelado sejam nas relações públicas ou domésticas em tempos e lugares os mais diversos. Lutar por direitos e pelo prazer de viver: a cidadania plena seria o lema deste Brasil comandado por mulheres dentro da perspectiva feminista.

Nós, feministas, queremos um Brasil sem a violação dos Direitos Humanos. Queremos avançar a civilidade e o desenvolvimento digno para todas e para todos: diminuição da violência doméstica contra as mulheres, idosos, jovens e crianças.

Queremos um Brasil com oportunidades e direitos garantidos. Um Brasil em que todas as mulheres tenham condições de escolher se querem ou não querem ter filhos. Queremos saúde sexual e reprodutiva; acesso total à educação, com uma educação de qualidade, não discriminatória e humanista. Nós mulheres feministas queremos a visibilidade e o respeito por nossa contribuição na economia do país. Queremos oportunidades no acesso ao mercado de trabalho e o fim do preconceito e dadiscriminação sexual, étnica, homofóbica, por faixa etárea, cultural e de qualquer tipo, em qualquer lugar; erradicação da miséria com a diminuição da lacuna entre ricos e pobres; direitos humanos assegurados a todas e a todos. Queremos serviços públicos de qualidade que garantam os direitos de suas cidadãs.

Nas grandes cidades, como a nossa, há um número significativo de mulheres idosas vivendo completamente isoladas, sem compartilhar das formas familiares atuais, por viuvez ou por variados motivos. Essas mulheres estão fora do mercado de trabalho. Precisam ser vistas e incluídas nos programas de políticas públicas do Estado Brasileiro. Queremos que seja assegurada a inclusão e o direito das mulheres em todas as fases da vida!

Nós, mulheres feministas, não desistimos e queremos sempre mais!

Por uma Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres; por um Conselho Municipal dos Direitos da Mulher; pelos Centros de Referência de Atendimento à Mulher em situação de Violência; pelos Abrigos Temporários para Mulheres em situação de violência.
Queremos, sim, mais poder e respeito!
8 de março de 2012