CULTURA


Centenário de Apolônio de Carvalho

Apolônio de Carvalho foi uma figura ímpar no cenário da vida política brasileira. Viveu com intensidade a “paixão libertária” que o impeliu, desde os seus anos de cadete da Escola Militar de Realengo, a engajar-se na luta pelos ideais socialistas e contra os regimes de opressão, com uma coerência que se manifestou em todos os episódios vividos: da militância no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e na ANL (Aliança Nacional Libertadora) à luta clandestina contra a ditadura militar no Brasil, como membro do PCBR, à militância no PT, desde o momento da fundação do partido até sua morte em 23/09/2005, no Rio de Janeiro.

Por sua militância, Apolônio de Carvalho passou parte de sua vida no exílio e foi transformado em personagem por Jorge Amado, é o Apolinário, da obra "Subterrâneos da liberdade". O escritor baiano chamava o ativista de "herói de três pátrias". O motivo? Apolônio participou da revolta comunista de 1935, da Guerra Civil espanhola, da Resistência Francesa contra os nazistas e da guerrilha contra o regime militar brasileiro (1964-1985).

Nascido em Corumbá (MS) no dia 9/02/1912, faria 100 anos. Por ocasião do seu centenário, muitas homenagens lhe foram prestadas por parentes, amigos e instituições, como:

 

 

Cerimônia de entrega do acervo de Apolônio ao Arquivo Nacional; homenagem a Apolônio e apresentação do livro de Renée (sua viúva) em Brasília; homenagem no aniversário do PT/RJ; Título de cidadã fluminense a Renée, e homenagem a Apolônio na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro; Solenidade na Pinacoteca de SP [antigo DOPS]; debates sobre Apolônio e a sua geração e seu impacto na historia recente. Confirme logo adiante.

 

Sobre Apolônio, escreveu nossa companheira Jane Quintanilha Nobre:

“Conheci Apolônio de Carvalho no PCB, na década de 60, antes dele sair do partido por discordar de sua política de alianças.

Era um homem muito bonito. Sua ética e hombridade nunca fizeram dele um vaidoso, apesar de idolatrado por todos. Era um homem simples.

Seu centenário foi comemorado no Arquivo Nacional com uma solenidade bem pouco solene. Acho que ele gostaria que assim fosse...

Era um homem de grandes lutas, pois apaixonado pelas liberdades democráticas, lutou contra a ditadura de Franco na Espanha, participou da Resistência Francesa, na França e, finalmente, no Brasil, em 1967, deixou o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e junto com outros companheiros fundou o PCBR.

Foi preso no Brasil em 1970, e antes de ser trocado pelo embaixador alemão foi barbaramente torturado.

Sua candura e desejo de justiça e liberdade marcaram de maneira indelével todas as revoluções das quais participou.

Sua mulher Renée o acompanhou com paixão durante toda sua vida, pois era também uma militante aguerrida. A francesinha, que ocupou seu coração durante toda sua vida era e é uma lutadora pela democracia. Lançou um livro em 15 de março do corrente, contando sua vida com Apolônio. Maravilhoso livro que deve ser lido por todos que tenham sensibilidade, que amam a democracia e que se comovem com um amor tão lindo!

 


Centro Interuniversitário de Memória e Documentação

OCUPAÇÃO BOAL

Um Centro para Preservar e Divulgar a Memória
No dia 16 de março de 2012, foi lançado o projeto Centro Interuniversitário de Memória e Documentação – CIM. O Centro é fruto da articulação da UFRJ com outras universidades públicas e organizações da sociedade civil e será financiado pelo Ministério da Educação. A proposta é criar um espaço para divulgação de acervos artísticos e científicos que potencialize ações e políticas de preservação do patrimônio material e imaterial brasileiro. O Centro — que deve estar pronto no segundo semestre deste ano — terá espaços para que pesquisadores e pesquisadoras de todo o país acessem acervos digitalizados e uma incubadora de instituições gestoras da memória. Além disso, haverá também um espaço para exposições, debates e outras ações de divulgação de todo esse patrimônio para o público em geral.

Ocupação Boal: Projeto Piloto
O dia 16 de março não foi escolhido à toa. A data é o aniversário do dramaturgo Augusto Boal e a restauração e divulgação do seu acervo é o projeto piloto do Centro Interuniversitário de Memória e Documentação (CIM). A ação, uma parceria entre a Faculdade de Letras e a Casa da Ciência da UFRJ e o Instituto Augusto Boal — criado e mantido pela família do dramaturgo — teve início em 2011, com a cessão do acervo para a universidade.

Memória e Patrimônio Ameaçados
Hoje o Brasil possui poucas instituições públicas dedicadas à preservação do legado histórico deixado por muitos artistas, cientistas e profissionais. A Biblioteca Nacional e a Casa de Rui Barbosa são exceções que se destacam em um cenário de escassez de recursos e pouco investimento. Na tentativa de obter financiamento, familiares, amigos, equipes de trabalho, pessoas que sabem da necessidade de preservação dos acervos, buscam alternativas criando organizações não governamentais voltadas para a gestão da memória.

 

 

LITERATURA

“Renée France de Carvalho – UMA VIDA DE LUTAS”

Editora: Fundação Perseu Abramo
Páginas: 240
Ano: 2012
Produzido sob a organização de: Marly Vianna, René Louis de Carvalho e Ramón Peña Castro

 

No dia 15 de março, na Livraria da Travessa, a Editora Fundação Perseu Abramo lançou “Renée France de Carvalho – UMA VIDA DE LUTAS”, obra que retrata a história de resistências à opressão que Renée viveu, em especial ao lado de Apolônio de Carvalho – importante figura da história nacional recente, por seu ativismo político e afronta à ditadura, bem como em sua participação na fundação do PT, e com quem Renée compartilhou 62 anos de vida, convicções e lutas. A mesma obra também teve seu lançamento comemorado no dia 26 de março, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Com prefácio assinado por Luiz Inácio Lula da Silva, o livro detalha as mais importantes passagens de Renée, membro ativo da Resistência francesa ao nazismo, nascida na Marselha de 1925. Ainda sem a maioridade, mas já com a bravura destemida de militante, Renée se viu coletando dinheiro, aos 11 anos, pelas ruas da cidade, em assistência aos operários da greve de 1936. Tempos depois, já participava da resistência como guerrilheira, na luta contra o nazismo.

Sempre à frente, Renée sentiu na pele a inquietação por perceber a separação real entre os ideais de igualdade e a dura realidade que, o tempo todo, lhe saltava à vista. Fosse na Europa da Frente Popular ou no Brasil de 1947, ano de sua chegada ao país, Renée manteve firme sua análise crítica – vista constantemente no livro, que também retrata a mulher doce, apaixonada e protagonista de uma das mais belas histórias de amor vividas em meio às lutas pela revolução socialista. Com Apolônio, Renée viveu a ditadura, a clandestinidade, o exílio e o nascimento do Partido dos Trabalhadores (PT).

Leitura imprescindível para os que se interessam pela história recente do país, o livro vai além do simples conceito de obra biográfica, e marca efetivamente a militância de toda uma geração – e, em especial de uma geração feminina. Renée, aqui, simboliza todas as mulheres que bravamente buscaram a luz em meio à sombra opressora.


Renée France de Carvalho

 

1961 – O Golpe Derrotado

Editora: L&PM
Autor: Flávio Tavares

Neste livro, um episódio fundamental da História recente é narrado como um ágil romance de ação: cada gesto desemboca no inesperado e leva o leitor a esperar o fato seguinte, ansioso por saber como o golpe de 1961 se desfaz e João Goulart chega à Presidência da República.

Flávio Tavares   - lançamento livro 7 de março 19h Porto Alegre

 

TEATRO

Projecto "Madrugada

 

O TEatroensaio apresenta o seu projeto de co-produção com a companhia Teatro art´Imagem, para 2012, com apresentação ao público em abril deste ano, no Teatro Helena Sá e Costa, no Porto (Portugal).

Esta nova produção trata da estória ficcionada de um interrogatório feito pela PIDE a uma das muitas mulheres que sofreram nas suas instalações a castração da Liberdade de Opinião, Pensamento e Ação, tema abordado intemporalmente, pois achamos que mantém a sua atualidade nos tempos de dificuldades que vivemos.

Música Original (José Mário Branco); Interpretação (Helena Carneiro); Figurinos (Inês Moitas), entre outros.

O Teatroensaio conta já com apoios significativos para a criação deste espetáculo, nomeadamente do Teatro Art´Imagem, Moagem Ceres S.A., Cace Cultural do Porto-IEFP, IP, Esmae-IPP. "Dependemos totalmente dos apoios financeiros que possamos angariar para garantir a sua realização com as merecidas condições", afirmam.

Para mais esclarecimentos poderão contactar-nos através do email: teatroensaio@gmail.com. Para mais informação sobre o trabalho da companhia poderá consultar o nosso blog:  teatroensaio-teatreia.blogspot.com

Inês Leite (Direcção) / Pelo Teatroensaio

 

EXPOSIÇÃO

Memória artística Sérgio Ricardo

 

O projeto da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, Memória Artística Sérgio Ricardo, que vem trabalhando no sentido de catalogar, preservar e difundir o acervo do artista, tem o prazer de convidá-los a visitar a exposição: SÉRGIO RICARDO: UM BUSCADOR, em comemoração aos 80 anos do artista, no Instituto Cultural Cravo Albin, com a curadoria de sua filha, Marina Lutfi, e com o apoio da Escola de Museologia da UNIRIO.

A mostra, de caráter itinerante, faz um pequeno apanhado de sua carreira, dos vários caminhos percorridos e, sobretudo, as concepções artísticas que o moveram e impulsionaram, e o acompanhará nas várias comemorações programadas pelo Brasil.

 

Prof.ª Ana Lúcia de Castro / Coordenadora do Projeto de Extensão
Prof. Ivan Coelho de Sá / Diretor da Escola de Museologia /UNIRIO
Bárbara Aguiar e Júlia Medeiros / Bolsistas

 

O excêntrico músico de cuja genialidade ninguém duvida, não se prendeu apenas à música, mas dedicou-se à pintura e a escrever poemas.

Mora na favela do Vidigal há muito tempo e durante toda sua vida exerceu uma ligação afetiva com todo aquele povo humilde.

Foi personagem de um fato inusitado no Festival de MPB da Record em 1967, quando apresentou sua música “Beto bom de bola”. Foi fortemente vaiado, o que o impediu de cantar. Pediu insistentemente que parassem as vaias, mas não foi atendido. Quebrou o violão e o atirou na plateia.  Em uma entrevista recente, disse que hoje não cometeria tal ato.

O interessante é que o vencedor foi Edu Lobo com “Ponteio”, maravilhoso compositor e na sua música canta “quem me dera agora eu tivesse a viola pra cantar”. E onde está a viola? Gilberto Gil defendeu a música “Domingo no Parque” e Chico Buarque a maravilhosa “Roda Viva” cantada também pelo MPB4. Esta última retrata, de certa maneira, o clima da época da ditadura militar antes do famigerado AI5. A “Roda Viva que carrega o destino pra lá” parece o prenúncio dos tempos obscuros que estavam chegando. Todos jovens com ardor, acreditando, como nós, em um futuro melhor, democracia e liberdade de expressão indispensáveis à vida e à arte.

Infelizmente, passaríamos por períodos mais repugnantes de nossa história com os militares no poder durante 21 anos.