CULTURA

 LITERATURA

Minas do Ouro
As Múltiplas Visões de um Religioso Socialista

Ninguém é contra o combate à inflação, mas a redução da pobreza e dos desníveis sociais não acontece sem mexer em estrutura fundiária, educação e qualificação profissional" (Frei Betto)

Escritor compulsivo, Frei Betto lança seu 54º livro “Minas do Ouro”, misturando realidade e ficção ao falar de Minas, sua terra. Conta a saga de uma família, os Arienim, tendo como pano de fundo a História de Minas. "Frei Betto é um historiador nato e o livro tem estilo forte e vigoroso que encaixa bem com a História de Minas" — diz a historiadora Neusa Fernandes, vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro.

A ideia do romance histórico sobre Minas nasceu nos anos 80. Em 1998, começou a escrever o livro, numa gestação de 13 anos interrompida aqui e ali por sua participação ainda ativa em movimentos sociais, pelas palestras regulares, pela urgência de escrever outros livros e por sua atuação política.

De 1969 a 1973, o governo militar prendeu Frei Betto e outros dominicanos no presídio Tiradentes, em São Paulo, pelo envolvimento com a Ação Libertadora Nacional, de Carlos Marighella. As cartas escritas naqueles anos resultaram no que considera seu primeiro livro: “Cartas da Prisão”. Desse período também resultou o livro “Batismo de Sangue”, vencedor do Prêmio Jabuti como melhor livro de memórias em 1982 e transformado em filme por Helvécio Ratton em 2007. No complexo Tiradentes também ficou presa a presidente Dilma Rousself.

 

No Brasil pós-ditadura, vinculou-se às comissões pastorais ligadas a áreas como direitos humanos, reforma agrária, política carcerária, direitos trabalhistas e educação popular, parte dos movimentos sociais que o frade ajudou a criar.

Socialista num mundo onde os conceitos de direita e esquerda sequer existem mais, e religioso numa época de descrenças monumentais, Frei Betto possui admiradores e inimigos. Entre fundamentalistas católicos, é considerado “herege” por sua defesa de pontos de vista progressistas como os casais homoafetivos.

Suas posições sobre o celibato são controversas. Nunca foi punido pela Igreja e dois papas leram seus livros e gostaram. Paulo VI leu “Cartas da Prisão”. João Paulo II, “Fidel e Religião”. Por ser defensor de Cuba, já foi chamado de “defensor de ditaduras de esquerda”. — "Nenhum país latino avançou tanto nos indicadores sociais, de Saúde e de Educação como Cuba" — responde.

Frei Betto, amigo de Lula e Dilma vê erros no governo e critica este perverso modelo econômico. Os avanços no combate à pobreza são comemorados, mas, para ele, insuficientes. Tem impaciência com a burocracia do governo, complacência com a corrupção, substituição de um programa emancipatório de redução da miséria (Fome Zero) por outro assistencialista (Bolsa Família). Por fim, a manutenção da política econômica é chamada de “selvagemente capitalista”.

"Frei Betto é um aliado querido na luta pelos direitos humanos desde que o Grupo Tortura Nunca Mais/RJ, nasceu há 26 anos", diz a psicóloga Cecilia Coimbra, fundadora do grupo.

Tirado do texto de Gilberto Scofield Jr.
Jornal O Globo de 28 de agosto de 2011. O País, p.15A.

 

 

 O garoto que sonhou mudar a humanidade
Autobiografia do médico Irun Sant'Anna

 

Trajetória do autor
Filiado ao PCB desde a juventude (tendo inclusive participado da fundação da UNE), Irun Sant'Anna formou-se em Medicina e especializou-se em Saúde Pública. Após atuar no combate à malária na região Nordeste, foi nomeado como médico do Serviço Nacional de Malária no município de Magé, em 1940. Obtendo sucesso no combate à doença, permaneceu no município e participou ativamente da política local.

Sendo Magé um relevante polo industrial à época, Dr. Irun intensificou o dircurso do PCB junto aos trabalhadores têxteis mageenses, contribuindo para a formação de uma geração de operários ligados ao partido. Alguns deles tornaram-se líderes sindicais e vereadores. O próprio médico foi eleito vereador em 1947 – sendo cassado no ano seguinte por ser comunista – bem como foi candidato a prefeito de Magé em 1954, tendo sua candidatura cassada às vésperas do pleito pelo mesmo motivo.

Agora, aos 94 anos, lança sua autobiografia, publicada pela Fundação Dinarco Reis.

 

 

Tribunal Popular: O Estado brasileiro no banco dos réus

Esta publicação tem por objetivo difundir a todos que se preocupam com a questão dos direitos humanos, como o Estado brasileiro está organizado de forma a perpetuar uma cultura de violência contra os setores pauperizados da população e contra aqueles que lutam por direitos.

O apoio institucional e financeiro do Instituto Rosa Luxemburgo, que desde 2002 desenvolve no Brasil e no Cone Sul iniciativas de suporte a atores sociais em luta por participação democrática e justiça social, foi decisivo para viabilizá-la, possibilitando divulgar gratuitamente o extrato das sessões de instrução e julgamento do Tribunal Popular: o Estado brasileiro no banco dos réus. Não menos decisivo foi o apoio e envolvimento direto das entidades que construíram e participaram do evento que deu origem a esta articulação de entidades e movimentos sociais que vêm unindo esforços para publicizar as violações de direitos da população brasileira promovidos pelo Estado, e buscar reparação para as vítimas.

Partindo da compreensão comum de que o Estado brasileiro tem suas instituições e poderes organizados de forma a perpetuar a lógica social excludente, que marca a história de nosso país, os organizadores decidiram realizar um tribunal simbólico.

O Tribunal Popular foi construído a partir de uma série de reuniões iniciadas em maio de 2008. Grupos de trabalho foram organizados em São Paulo, no Rio de Janeiro e na Bahia, com o objetivo de dar um caráter nacional ao evento e mostrar que as violações praticadas por agentes do Estado de norte a sul do país ao longo da história do Brasil não são meras falhas do sistema, mas expressam uma lógica do capital. No decorrer do processo, os organizadores compreenderam a necessidade da realização de atividades preparatórias e foram então construídas cinco sessões temáticas ampliadas.

Em desembro de 2008 ocorreu o Tribunal, em SP, fazendo parte dele vários movimentos sociais brasileiros que colocaram o Estado no banco do réus. Presente, dentre ele, o Grupo Tortura Nunca Mais/RJ.

 

68 a geração que queria mudar o mundo





Coordenadora Editorial e Organizadora do Livro:  Eliete Ferrer


Lançamento: Ato na ALERJ em 15 de setembro/2011, organizado por Eliete Ferrer, com a presença dos deputados Paulo Ramos, Gilberto Palmares, Marcelo Freixo, Geraldo Moreira e Janira Rocha e o Grupo Os Amigos de 68. Muitas pessoas colaboraram como Francisco Soriano e Antonio Geraldo Costa, do Sindipetro e o companheiro Neguinho. 

Foram homenageados:

Alcir Henrique da Costa – Fundador do GTNM/RJ e ex-preso político.
Aldo de Sá Brito de Souza Neto – póstuma – Herói da resistência à ditadura
Cecília Maria Bouças Coimbra – Fundadora e atual Presidente do GTNM/RJ, ex-presa política
Eliete Ferrer – Coordenadora Editorial, Organizadora do Livro e do Grupo Amigos de 68
Elmar Soares de Oliveira – póstuma – Combatente contra a ditadura
Eunício Precílio Cavalcante – Ex-sargento fuzileiro naval cassado em 1964 e ex-preso político
Harald Edelstam – póstuma – Embaixador da Suécia em Santiago, Chile, 1973, quando do golpe
Jean Marc von der Weid – Ex-presidente da UNE e ex-preso político
Jessie Jane Vieira de Souza – Ex-presa política, ex-Diretora do IFCS/UFRJ
Lincoln Bicalho Roque – póstuma – Herói da resistência à ditadura
Marilena Ramos Barboza – póstuma – Fundadora do GTNM/RJ, Prof de História
Olof Palme – póstuma – Primeiro-Ministro da Suécia

Mais de quatrocentas pessoas compareceram e lotaram a ALERJ.

Os discursos tiveram como tema principal a abertura dos arquivos e a Comissão de Verdade, Memória e Justiça, como nós assim desejamos. Falaram Paulo Ramos, Gilberto Palmares, Jessie Jane, Cecília Coimbra, Paulo Abrão e Eliete Ferrer. A solenidade passou ao vivo na TV ALERJ. O DVD com gravação já está sendo providenciado.
Um dos pontos altos do evento aconteceu, na chamada do homenageado (post mortem) do Primeiro Ministro da Suécia, Olof Palme. Ouviu-se sua voz fazendo um brevíssimo discurso seguido do som da Internacional Socialista. Quase todo o plenário se levantou com o punho erguido...! Muita gente chorando.

Depois, coquetel e distribuição dos livros.

“A aceitação do livro é inegável. Marco histórico para quem quiser conhecer a nossa alma, os sentimentos dos que lutaram contra a ditadura desde seu primeiro momento, em 1964”, avalia Eliete.

 

TEATRO

 

Teatro e Resistência Política – Ontem e Hoje

Homenagem a Heleny Guariba aos 40 anos de seu desaparecimento

Desde antes do golpe civil-militar de 1964, artistas, estudantes e intelectuais, unidos pelo objetivo de transformar o Brasil a partir da ação cultural, atuavam no CPC – Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes. Inspirado no pernambucano Movimento de Cultura Popular de Miguel Arraes, levou à população diversas manifestações artísticas lutando pelas reformas de base e pela revolução social. Um dos principais nomes deste movimento foi Oduvaldo Vianna Filho que, com sua obra "A mais-valia vai acabar, seu Edgar", encenada no Teatro Jovem do Rio de Janeiro em 1962, dá início ao que se chamou o teatro político de resistência.

Com o golpe de 1964 e o incêndio provocado no prédio da União Nacional de Estudantes, o CPC é intensamente reprimido e dá lugar a um movimento teatral de oposição ao regime. Um conjunto de dramaturgos, entre eles Gianfrancesco Guarnieri, Carlos Estevam, Chico de Assis e Augusto Boal redigem textos que enfocam a repressão política, o papel da censura, o arrocho salarial, o milagre econômico, a supressão da liberdade, muitas vezes apelando para episódios históricos ou situações simbólicas e alegóricas.

A partir de 1969, com o Ato Institucional nº 5, a repressão e a censura ficam mais acirradas. Muitas peças são proibidas ou mutiladas. O espírito de resistência e denúncia vai unir, a partir de então, a classe teatral em assembléias, ciclos de leituras dramáticas e outras atividades.

Com o fim da ditadura civil-militar em 1985, os textos políticos começam a abordar temas como a desigualdade social, a pobreza, as injustiças e a mercantilização do teatro.

O teatro de resistência continua até hoje e inúmeros grupos de jovens são os herdeiros dos combativos artistas dos anos da ditadura. No mês de setembro, em São Paulo, ocorreu um ato onde foi abordado o papel do teatro em nossa sociedade.

 

Também foi feita homenagem à companheira e diretora de teatro Heleny Ferreira Telles Guariba. Formada pela Universidade de São Paulo, fez inúmeros cursos de teatro na Europa, tendo regressado ao país em 1967 para dirigir o grupo em Santo André. Presa em março de 1970, foi solta um ano depois, por falta de provas. Quando se preparava para prosseguir na Europa sua carreira teatral, Heleny foi novamente presa e, desde então, está desaparecida. Segundo testemunhos de companheiros de prisão, entre elas Inês Etienne Romeu, ela foi vista pela última vez em julho de 1971, na famosa Casa da Morte de Petrópolis.

Para esta homenagem contou-se com a colaboração de atores e atrizes do Núcleo Teatral do 184 que, dirigido por Dulce Muniz, encenaram alguns trechos da obra "Heleny, Heleny Doce Colibri", escrita pela própria Dulce e levada ao teatro no ano de 2006, ficando um ano em cartaz.

 

 CINEMA

 

Olney São Paulo

Prezados,
sou produtora executiva do documentário de longa metragem "Sinais de Cinza", sobre o cineasta baiano Olney São Paulo, que é dirigido pelo também baiano Henrique Dantas. Este projeto foi selecionado no edital longa DOC do Ministério da Cultura e está em fase de produção.

Segue abaixo a sinopse do projeto para contextualização:
O documentário "Sinais de Cinza" propõe-se a contar a polêmica história do curta Manhã Cinzenta, dirigido por Olney São Paulo, cineasta autodidata, sertanejo de Feira de Santana.

Produzido na época da ditadura, este filme se tornou um marco do cinema brasileiro quando, pela primeira vez no país pós AI-5, um cineasta foi processado, preso e torturado pela realização de uma obra cinematográfica. Via de regra, as obras eram censuradas ou mutiladas e os artistas eram presos por suas ideias ou participação em grupos políticos, o que não era o caso de Olney.

A sina de Manhã Cinzenta começou quando militantes da esquerda brasileira sequestraram o avião Caravelle PPPDX, da extinta empresa aérea Cruzeiro do Sul no dia 08.10.69, desviando-o para Cuba. Eles teriam levado uma cópia do filme e supostamente exibido-o para os sequestradores. Olney foi responsabilizado, preso e torturado pelo incidente. Todas as cópias do filme encontradas pela ditadura no país foram destruídas, restando apenas uma única cópia que foi preservada quando o então diretor da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, José Cosme Alves Neto, trocou o nome da identificação da cópia que lá estava, impedindo assim os militares de destrui-la.

O documentário "Sinais de Cinza" pretende resgatar a história desse cineasta comprometido com sua arte, ao tempo em que relata fatos de uma época determinante para o país. A direção e roteiro são de Henrique Dantas, cineasta baiano que realizou o documentário "Filhos de João" sobre o grupo musical Novos Baianos, que vem acumulando prêmios e participações nos principais festivais de cinema do país e acaba de estrear no circuito comercial: www.filhosdejoao.com.br

Henrique possui um outro filme sobre a vida de Olney. Trata-se do curta "Ser Tão Cinzento", patrocinado pela Petrobras, que acaba de ser finalizado e foi selecionado para a mostra competitiva do Festival de Brasília, que ocorrerá em setembro deste ano. Neste link poderá ser visualizada a programação do evento: http://festbrasilia.com.br/2011/noticias.php?noticia=festival-anuncia-selecionados-para-as-mostras-competitivas

Bom, a partir da nossa pesquisa para composição do longa, tivemos acesso a diversas informações e documentos, muitos deles através do Arquivo Nacional e do ICAIC (Cuba), porém ainda não conseguimos descobrir se o filme foi de fato exibido durante o vôo ou se a cópia apenas estava com os sequestradores. As pessoas ligadas ao episódio que conseguimos localizar até agora são:

Ricardo Godoy – piloto do vôo: Ele é um dos nossos entrevistados, gravamos seu depoimento em maio, porém já está com idade avançada e apresenta problemas de memória.
Pedro Cunha – integrante do grupo de sequestradores: Ele também é um dos nossos entrevistados, vamos gravar seu depoimento agora no segundo semestre. Ele fez parte do grupo, as reuniões eram na sua casa, porém não viajou.
Elmar de Oliveira – integrante do grupo de sequestradores: Já falecido.
Pedro Stilpen – Nos auxiliou com informações.
Antônio Moreno – Nos auxiliou com informações.
Nomes dos integrantes do grupo que ainda não encontramos: Cláudio Augusto de Alencar Cunha, Ronaldo Fonseca Rocha e Edgar Fonseca Fialho.

Gostaríamos muito de contar com a participação dos demais guerrilheiros em nosso projeto, que tem como objetivo principal, além de resgatar a história deste cineasta esquecido, revelar as bárbaries sofridas no período de chumbo. Por isso, procuramos informações à respeito de Cláudio Augusto de Alencar Cunha, Ronaldo Fonseca Rocha e Edgar Fonseca Fialho. Caso alguém possa colaborar com nossa pesquisa, favor entrar em contato com Raquel Lisboa, no e-mail: mraquel.lisboa@gmail.com ou pelo celular 21-82834828.

Muito Obrigada!

Mariana Vaz
Produtora Executiva

 

Lembrar para não esquecer
Em nome da Justiça

Dezoito anos depois da chacina de Vigário geral, o cineasta Milton Alencar Júnior volta ao tema em documentário com novas fotos, vídeos e depoimentos.

Há 18 anos, um grupo de policiais militares conhecido como “Cavalos corredores” irrompeu, armado, na favela de Vigário Geral, na Zona Norte do Rio de Janeiro, e executou 21 pessoas a sangue frio. Na chacina, que reverberou negativamente por todo o noticiário internacional, nenhuma das vítimas tinha ligação com o tráfico de drogas ou outro crime qualquer.

Quase duas décadas depois da chacina de Vigário Geral, nenhum dos 52 policias, formalmente acusados pelo massacre está preso, e o episódio aparece desbotado na memória popular. Com o intuito de paralisar esse processo generalizado de esquecimento, o cineasta Milton Alencar Júnior lançou em 29 de agosto de 2011, no Rio, o documentário “Lembrar para não esquecer”, no qual trabalhou nos últimos três anos.

— "Tive acesso a todo o processo judicial, xeroquei tudo, fiz pilhas no chão da minha sala e li muito. Também tive acesso a diversas fotos e vídeos inéditos feitos pela perícia criminal que atuou na época. São imagens chocantes que, em respeito aos familiares, aparecerão apenas em flashes curtos".

“Lembrar para Não Esquecer” tem um tom didático, escolar. Começa situando o espectador no Rio de Janeiro do início da década de 1990. Lembra a chacina de Acari, a movimentação internacional em torno da Eco-92 e as manifestações pela renúncia do presidente Fernando Collor de Mello até desembocar na noite de 29 de agosto de 1993. Depois disso, apoiado no relato de testemunhas oculares — entre elas uma jovem que tinha apenas 5 anos de idade e que viu os pais serem baleados na sala de casa — reconstitui a tragédia.

 

Acervo on-line reúne informações sobre a ditadura argentina

 

 

A Organização argentina “Memória Aberta” lançou um arquivo eletrônico em que cataloga os filmes argentinos que abordam o período militar do país. O objetivo do acervo é resgatar imagens, histórias e pensamentos.

O acervo, que levou um ano e meio para ser sistematizado, reúne e torna acessível ao público informações sobre mais de 450 filmes, rodados entre 1976 e 2011, que tocam direta ou indiretamente nos anos de chumbo da Argentina (1976-1983). Desse total, 300 obras estão disponíveis em cópias para que sejam vistas na sede da organização, em Buenos Aires.

As obras do acervo estão organizadas segundo um índice alfabético, outro cronológico e um terceiro, temático, em que se intercalam subgrupos das narrativas que abordam, como “Crianças Roubadas”, “Guerra das Malvinas” ou “Igreja Católica, Compromisso Social e Cumplicidades”, entre vários outros enfoques.

Fundada há uma década, Memoria Abierta é um coletivo de entidades, como Mães da Praça de Maio e Fundação Memória Histórica e Social Argentina, que trabalham em prol da preservação da memória dos anos em que o país esteve mergulhado em um regime militar.

Para acessar o catalogo:http://www.memoriaabierta.org.ar/ladictaduraenelcine/

04/07/2011

 POESIAS

Q U E   E S A   C A D E N A   M U E R A   D E   P E N A

 


Martín Almada
Tema dedicado a mis compañeros de prisión:

Antonio Maidana – Julio Rojas,
Alfredo Alcorta – Virgilio Bareiro
Dimas Acosta – Severo Acosta Aranda
Antoliano Cardozo – Emilio Barreto
Luis Albeto Wagner – Nicolás Mussi
Pablo Baez Britez – Ignacio Chamorro
Alfonso Silva – Julián Cubas
Bonifacio Alfonso – Felipe Vera Baez
Ruben Orue – Rosalino Velazco
Victor Amado Cardozo – Bernardo Rojas
José Olmedo Montanía y otros…

Cuatro paredes, un techo plano
una cadena con tres candados
la doble reja de la vergüenza
sepulcro obscuro, cárcel infame
celda que aloja a los patriotas
a los soldados de la victoria.

Los tres candados que aprisionan
a los patriotas injustamente
les aseguro hermanos míos
serán guardados como trofeo
en el MUSEO DE LA MEMORIA
por los soldados de la victoria.

Torturadores y criminales
serán juzgados por tribunales
ese proceso nunca permita
que se cometa ningún abuso
no más venganza, reine justicia
por los soldados de la victoria.

El viento pasa tras la muralla
aire no entra, muy sofocante
calor inmenso, horno que asa
cinco por cinco, baño por dentro
l pueblo sabe, el pueblo espera
a los soldados de la victoria.

Ellos resisten, siguen muy firmes
moral muy alta, pecho saliente
por la defensa de los derechos
en el sepulcro más tenebroso
dignos ejemplos de combatientes
son los soldados de la victoria.

La doble reja de la vergüenza
una cadena con tres candados
no podrán nunca parar el cambio
que se avecina y que  se siente
el pueblo sabe está enterado
por los soldados de la victoria.

Sepulcro obscuro, cárcel infame
y los malos tratos por muchos años
no podrán nunca parar el cambio
ni la victoria de los de abajo
y esa cadena hecha de hierro
que esa cadena muera de pena ¡

Comisaría Tercera, EL SEPULCRO DE LOS VIVOS
Agosto de  1976

Resistindo

Henrique Vieira

Há tempos atrás
E no tempo presente
Continua a violência sistêmica
Sufocando vozes dissonantes
Naturalizando realidades gritantes
Depreciando a utopia
Plastificando o dia a dia
Perversidade adocicada midiaticamente produzida
Relações mediadas pelo capital
Tortura chamada de democracia no jornal nacional
Mas nos micro espaços forjamos o novo mundo
Alimentamos a resistência e nos mantemos de mãos dadas
Com Titos, Cecílias, Manoéis e com quem mais for
Choramos a dor do mundo
Porque vemos nela nosso mundo de dor

Guerrilha do Araguaia
623 dias na mata

Inspirado no Diário de Maurício Grabois

 

Ele não era um sonhador,
mas sonhava.
Sonhava em acabar com a fome
de milhões de homens sem nome.
Sonhava com o almoço de domingo,
com o seu neto sorrindo.
Era um bravo guerrilheiro,
exalava a vontade de lutar:
Igualdade, o seu lema, em primeiro lugar.

Na mata, convivia com carrapatos,
morcegos e formigueiros.
Lutava contra o Exército e a natureza.
Dela, porém, tirava a sustança:
macaco, jacu, tona,
jabuti, veado e anta,
até onça e cobra serviam.

A mata, seus encantos e esperança:
as borboletas em evolução,
tão pequenas, brancas, diáfanas,
pareciam as bailarinas do Bolshoi.
Outras, multicoloridas, semelhantes
aos esplêndidos vestidos
das balzaquianas, oportunas,
que despertavam sentimentos
nos guerrilheiros jejunos.

Ele lembra e sente saudades,
no silêncio, na solidão e angústia
dos fins de tarde,
que despertam no combatente
uma profunda nostalgia
da casa, das pessoas queridas,
do burburinho da cidade,
dos camaradas e da filha.

Cansado, doente, alquebrado,
não esquecia o seu ideal:
tirar da miséria, os filhos
dos operários e camponeses
e da exploração, os trabalhadores
pobres e abandonados.
Fazer todos felizes neste país tropical!
Repetiria tudo mil vezes.

Naquele momento, no entanto,
só importava a  sobrevivência
frente a um Exército algoz.
Enfrentá-lo com garra, consciência,
e se manter vivo naquela guerra atroz.

Mas a perversa espreitava:
os companheiros, seu genro e seu filho,
exterminados sem piedade.
Ele foi abatido, no Natal de 1973,
lutando pelo povo e pela liberdade.
Seu exemplo, a História fez.

Sylvia Grabois
12/05/2011

Aos vinte e seis anos de aniversário do Grupo Tortura Nunca Mais/Rj

Valdelice Roriz

O que falar de tortura,
Não tivemos em simples golpe militar
Houve no mundo a impregnação da anulação da cultura individual
Deu até pau
Aquele chamado de arara
Que coisa sem graça.

Engolimos enlatados internacionais
Não ouvia no rádio
Atirei pau no gato.

Cultura brasileira
É coisa importante,
vamos gente brindar
a luta constante
VIVA O GRUPO
de gente valente, guerreira.

A nossa luta brasileira
de querer nação pra frente
tendo em mente o respeito à gente.

Vinte e seis, não são três
nem seis, são vinte e seis
de lutas constantes,
eta gente guerreira!

No começo fizemos greve de fome,
agora chega de massacre.