VIOLÊNCIA NO CAMPO

PISTOLEIROS DO PARÁ FAZEM 5 VÍTIMAS EM 16 DIAS

Nota de morte anunciada

A história se repete!
Novamente, choramos e revoltamo-nos:
Direitos Humanos e Justiça são para quem neste país?

José Cláudio Ribeiro da Silva
Defensor da floresta amazônica

Hoje, 24 de maio de 2011, foram assassinados nossos companheiros, José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, assentados no Projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, em Nova Ipixuna – PA. Os dois foram emboscados no meio da estrada por pistoleiros, executados com tiros na cabeça, tendo Zé Claúdio a orelha decepada e levada pelos seus assassinos provavelmente como prova do “serviço realizado”.

Camponeses e líderes dos assentados do Projeto Agroextratista, Zé Cláudio e Maria do Espírito Santo (estudante do Curso de Pedagogia do Campo UFPA/FETAGRI /PRONERA), foram o exemplo daquilo que defendiam como projeto coletivo de vida digna e integrada à biodiversidade presente na floresta. Integrantes do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), ONG fundada por Chico Mendes, os dois viviam e produziam de forma sustentável no lote de aproximadamente 20 hectares, onde 80% era de floresta preservada. Com a floresta se relacionavam e sobreviviam do extrativismo de óleos, castanhas e frutos de plantas nativas, como cupuaçu e açaí. No projeto de assentamento vive aproximadamente 500 famílias.

A denúncia das ameaças de morte de que eram alvo há anos alcançaram o Estado Brasileiro e a sociedade internacional. Elas apontavam seus algozes: madeireiros e carvoeiros, predadores da natureza na Amazônia. Nem por isso, houve proteção de suas vidas e da floresta, razão das lutas de José Cláudio e Maria contra a ação criminosa de exploradores capitalistas na reserva agroextrativista.

Tamanha nossa tristeza! Desmedida nossa revolta! A história se repete! Novamente camponeses que defendem a vida e a construção de uma sociedade mais humana e digna são assassinados covardemente a mando daqueles a quem só importa o lucro: MADEREIROS e FAZENDEIROS QUE DEVASTAM A AMAZÔNIA.  

Até quando?
 Não bastasse a ameaça ser um martírio a torturar aos poucos mentes e corações revolucionários, ainda temos de presenciar sua concretude brutal?

Não bastasse tanto sangue escorrendo pelas mãos de todos que não se incomodam com a situação que vivemos, ainda precisamos ouvir as autoridades tratando como se o aqui fosse distante?

Não bastasse que nossos homens e mulheres de fibra fossem vistos com restrição, ainda continuaremos abrindo nossas portas para que os corruptos sejam nossos líderes?

Não bastasse tanta dificuldade de fazer acontecer outro projeto de sociedade, ainda assim temos que conviver com a desconfiança de que ele não existe?

Não bastasse que a natureza fosse transformada em recurso, a vida tinha também que ser reduzida a um valor tão ínfimo?

Não bastasse a morte orbitar nosso cotidiano como uma banalidade, ainda temos que conviver com a barbárie?

Mediante a recorrente impunidade nos casos de assassinatos das lideranças camponesas e a não investigação e punição dos crimes praticados pelos grupos econômicos que devastam a Amazônia, responsabilizamos o Estado Brasileiro – Presidência da República, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente, Polícia Federal, Ministério Público Federal – E cobramos justiça!

José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva

Jose Claudio Ribeiro - ativista assassinado

Estamos em vígilia!!!
“Aos nossos mortos nenhum minuto de silêncio. Mas toda uma vida de lutas.”

  • Equipe da CPT Xinguara
  • Universidade Federal do Pará/ Coordenação do Campus de Marabá; Curso de Pedagogia do Campo UFPA/FETAGRI/PRONERA; Curso de Licenciatura Plena em Educação do Campo;
  • Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST/ Pará;
  • Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura – FETAGRI/Sudeste do Pará;
  • Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar – FETRAF/ Pará;
  • Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB;
  • Comissão Pastoral da Terra – CPT Marabá;
  • Via Campesina – Pará;
  • Fórum Regional de Educação do Campo do Sul e Sudeste do Pará.


Marabá-PA, 24 de Maio de 2011.

 




Agricultor é encontrado morto no mesmo assentamento onde casal
de ambientalistas foi assassinado no Pará

Herenilto Pereira dos Santos

Mais um agricultor foi morto no Pará. Esta já é a quarta morte em uma semana. O corpo foi encontrado no sábado, dia 28 na mesma área onde morreram José Claudio e Maria do Espírito Santo.

Segundo o advogado da Comissão Pastoral da Terra em Marabá, José Batista Afonso, a vítima é Herenilto Pereira dos Santos, de 25 anos, que levou um tiro na cabeça. Ele seria uma das testemunhas que viram os suspeitos de matar o casal ambientalista José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, mortos na terça-feira, dia 24 de maio.

Na sexta-feira, dia 27 de maio, o agricultor Adelino Ramos, de 56 anos, foi assassinado em Vista Alegre do Abunã, um distrito de Porto Velho, em Rondônia. Segundo informações da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Dinho, como era conhecido, foi alvejado por um motociclista quando estava em seu carro na companhia da esposa e de duas filhas. 

Ele chegou a ser socorrido em um hospital, mas não resistiu aos ferimentos. Segundo a CPT, Ramos vinha sendo ameaçado há algum tempo por madeireiros da região. A pressão teria piorado após ações do Ibama que resultaram em apreensão de madeira extraída ilegalmente e de cabeças de gado.

Ramos era um dos sobreviventes do massacre de Corumbiara, ocorrido em 1995 em Rondônia, e integrava o Movimento Camponês de Corumbiara. Apontado pelos latifundiários locais como um dos líderes do movimento, o camponês passou a sofrer perseguições, assim como o filho, Claudemir Ramos.

Como é comum no Brasil, de vitimas foram transformados em criminosos pela justiça de Gilmar Mendes: os dois chegaram a ser processados com base na investigação do Ministério Público Estadual, que por sua vez levou em conta a apuração conduzida pela Polícia Civil, dominada pelas madeireiras do local. Claudemir acabou condenado e, desde 2004, é dado como foragido. Adelino se livrou do processo, mas não das perseguições. Pai e filho não se viam há dez anos.

Adelino Ramos

Ele chegou a ser socorrido em um hospital, mas não resistiu aos ferimentos. Segundo a CPT, Ramos vinha sendo ameaçado há algum tempo por madeireiros da região. A pressão teria piorado após ações do Ibama que resultaram em apreensão de madeira extraída ilegalmente e de cabeças de gado.

Ramos era um dos sobreviventes do massacre de Corumbiara, ocorrido em 1995 em Rondônia, e integrava o Movimento Camponês de Corumbiara. Apontado pelos latifundiários locais como um dos líderes do movimento, o camponês passou a sofrer perseguições, assim como o filho, Claudemir Ramos.

Como é comum no Brasil, de vitimas foram transformados em criminosos pela justiça de Gilmar Mendes: os dois chegaram a ser processados com base na investigação do Ministério Público Estadual, que por sua vez levou em conta a apuração conduzida pela Polícia Civil, dominada pelas madeireiras do local. Claudemir acabou condenado e, desde 2004, é dado como foragido. Adelino se livrou do processo, mas não das perseguições. Pai e filho não se viam há dez anos.

 

Continua a violência na Região Norte do Brasil

 

 

Obede de Souza

Em 9 de junho, 16 dias após o assassinato de José Cláudio Ribeiro da Silva e de sua esposa, assassinaram o quinto defensor da FLORESTA, na Região Norte do Brasil: Obede Loyla Souza, de 31 anos foi assassinado em Pacajá, no Pará. Segundo a Pastoral da Terra, Obede havia discutido com um grupo, e denunciado a extração ilegal de madeira. Seu corpo foi encontrado dois dias depois, próximo de sua casa. Ele era casado e tinha três filhos. Embora os movimentos sociais e entidades cobrem de governos e autoridades, a polícia não consegue elucidar os casos ocorridos no Pará. Segundo a Pastoral da Terra há cerca de uma centena de pessoas da região ameaçadas de morte.

 

 

 

CRIME BRUTAL

Ambientalistas são mortos em chacina com cinco vítimas no Paraná

Cinco homens foram encontrados mortos na madrugada deste sábado, no município de Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba, no Paraná. Eles estavam amarrados e foram mortos com tiros na cabeça. Entre as vítimas, estavam três ambientalistas.

Os cinco amigos estavam em uma casa na área rural de Piraquara. O imóvel pertence a Jorge Roberto Carvalho Grando, funcionário da prefeitura de Pinhais, onde foi secretário de meio ambiente. Ele, o irmão Antonio Grando, que também era funcionário da prefeitura de Pinhais, o empresário Gilmar Reinert, o funcionário da Colônia Penal Agrícola de Piraquara, Valdir Vicente Lopes e Albino Silva, vizinho de Jorge e funcionário da Sanepar foram mortos por volta de meia noite desta sexta-feira.

"O Jorge era uma pessoa maravilhosa, amigo de todos. Era uma pessoa que dedicou a vida a combater a miséria ambiental e a miséria social".

Os policiais militares e civis foram os primeiros a chegar à casa. Os corpos estavam com as mãos amarradas e marcas de tiros na nuca e nos olhos. Roupas, objetos e documentos estavam espalhados pela casa.

A polícia suspeita de roubo seguido de morte, mas não descarta a hipótese de execução. Os amigos dos ambientalistas estão inconformados com a morte brutal.
Jorge Grando era um defensor do meio ambiente. Ele fundou uma associação para proteção das nascentes do Rio Iguaçu e de outros mananciais de Piraquara, município que fornece água para Curitiba e boa parte da Região Metropolitana.

O Jorge era uma pessoa maravilhosa, amigo de todos. Todo mundo gostava dele. Era uma pessoa que dedicou a vida a combater a miséria ambiental e a miséria social, diz Haroldo de Paula, amigo da vítima.

Tudo o que eu aprendi na questão ambiental, preservação, principalmente na valorização do ser humano foi através do Jorge. A gente está perplexa. É uma perda irreparável, disse Irineu Nogueira, amigo.

A polícia fez a perícia do local por volta das 10h e ainda não possui indícios sobre quem teria cometido os crimes.

23/04/2011
Jornal Hoje, TV Paraná


SITUAÇÃO GRAVE EM MANAUS

Na noite de 15 de maio de 2011, 300 famílias organizadas pelo MTST ocuparam um grande latifúndio urbano em Manaus – AM conhecido como Águas Claras, denunciando a especulação imobiliária e a grilagem absurda de terras no estado do Amazonas. No entanto, na mesma noite as famílias foram violentamente despejadas pela polícia militar que, sem nenhum mandato ou ordem legal, submeteu as famílias às piores humilhações.

E como se isso não bastasse vários militantes do MTST estão sendo ameaçados de morte por representantes da especulação imobiliária e da grilagem!!

Águas Claras é uma grande extensão de terras grilada por diversas imobiliárias do Amazonas e por isso é um símbolo da especulação imobiliária em Manaus. Ocupar Águas Claras é enfrentar diretamente os donos do poder e o estado, que não hesita em colocar a polícia pra defender a propriedade, mesmo sem “função social”.

No fim do ano de 2010, em um pronunciamento do então presidente Lula em Manaus, milhares de trabalhadores vaiaram o prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (aquele que mandou morrer uma moradora de área de risco...) denunciando sua participação na grilagem de Águas Claras. Atacado em sua vaidade, o prefeito mandou dias depois toda a força policial que dispunha a cidade pra despejar os moradores da parte mais pobre de Águas Claras, a quem ele atribuía a manifestação.

Não iremos admitir ameaças contra a vida de nossos companheiros! Não é com ameaças que deterão a luta dos trabalhadores! Contra a grilagem e a especulação nossa luta e resistência, no Amazonas e no Brasil inteiro! Por uma Reforma Urbana popular!

Divulgação a pedio do MTST (via e-mail)