HOMENAGEM ESPECIAL

 

MARILENA RAMOS BARBOZA

 

Fundadora e militante do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ

 

 

 

 


A historiadora Marilena Ramos Barbosa, professora titular da UERJ e uma das maiores autoridades do país no estudo do Trabalhismo, faleceu em 28 de fevereiro no Rio de Janeiro – no município de Saquarema – e foi sepultada no dia 01 de março, ao meio-dia, no cemitério Jardim da Saudade, na Sulacap. Militante do PDT, Marilena é irmã do deputado estadual Paulo Ramos (RJ) e autora de diversas estudos sobre Getúlio Vargas, o Estado Novo, o Sindicalismo e o Trabalhismo brasileiro.
Graduada em História pela Faculdade Nacional de Filosofia em 1963, Marilena também se graduou em Comunicação pela UFRJ em 1971, fez Mestrado de História na UFF em 1977 e fez doutorado em História Social pela USP, em 1994.
Dedicou sua vida ao estudo e a pesquisa, com grande ênfase em História do Brasil. Marilena também era uma militante política, responsável por diversas palestras em seminários organizados pelo PDT no Rio de Janeiro e nacionalmente.
Dignidade, ética e solidariedade marcaram a vida de nossa colega e amiga da FNFi (Faculdade Nacional de Filosofia). Sua estatura alta, voz de contralto bastava chegar e todos se voltavam para vê-la e ouvi-la. Tinha uma verve inigualável para contar os “casos” que nos faziam gargalhar até altas horas.
Era, realmente inimitável. Seu coração grande, onde sempre cabia mais alguma coisa foi o que a traiu e levou-a de nosso convívio.
Nossas eternas saudades!

Jane Q Nobre de Mello
GTNM/RJ


Foto Maysa 2009

Quando alguém parte para sempre, deixa aqui, entre nós, mais que lembranças e saudades, deixa sementes de uma vida que vão germinar acolá! Em tempos próximos, assim desejamos!
Abram suas janelas, e se puderem novas frestas em suas mentes. Recebam parte do patrimônio, do que esta rara brasileira, carioca, digna,construiu e nos legou. Vamos continuar! Amar as pessoas, como bem maior, o Brasil, lutar por uma sociedade fraterna, justa. Estudar e compartilhar.
Tristemente, ficamos órfãos de uma amiga querida. O Brasil também, pois ela professora de história dedicada, e culta se especializou no período Vargas, no trabalhismo, no Governo João Goulart. Mestre em questões do nacionalismo brasileiro em sua difícil trajetória. Poucos nestes nossos dias se preocupam - como ela se ocupou - em deslindar àquele tempo. Aqueles desígnios políticos. Lecionou na UERJ, acompanhou teses com vivo interesse, e generosidade. Contribuiu para formar consciências políticas.Uma das fundadoras do Grupo Tortura Nunca Mais, GTNM-RJ
Marilena tinha tanto, ainda, a nos ensinar. Amiga, companheira, alegre, um lado adolescente no meio daquela seriedade toda acadêmica. Seus muitos alunos devem estar órfãos, tanto como nós – seus muitos amigos - se sentem!
Ai! Porque viemos para partir, e nem sempre concluímos o que nos inquieta, apaixona? Porque nosso transitório é tão fugaz?
Querida amiga-mestra vai serena, agora, teus alunos, é o que fortemente desejamos, hão de prosseguir... Terão aprendido a continuar teu precioso e amoroso trabalho.
Entender o Brasil e contá-lo para as futuras gerações! Transformar cada um em outro. Abrir-lhes portas e janelas para a cidadania, a consciência política, que alguns de nós aprendemos com nossos mestres, lá na FNFi, nos idos do século passado.
Saudade, só isso.


Do blog de Maysa P. Machado: O Ninho e a Tempestade
1 de março de 2011
Maysa Machado

 

Texto lido no enterro de Marilena pelo Presidente do Centro Acadêmico de História (CAHIS), da UERJ, Gabriel Pinheiro:


CAHIS de LUTO – FALECEU A PROFESSORA MARILENA RAMOS BARBOSA


“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina” (Cora Coralina)

Hoje, perdemos um grande pedaço do sentimento nacionalista revolucionário. Com toda a certeza, perdemos uma grande mestra, que tinha uma justíssima análise sobre o Brasil e a questão nacional.
Via a importância de Getúlio Vargas, na construção de um Projeto Nacional autônomo para libertação do nosso povo.
Nunca costeou o alambrado, sempre esteve ao lado dos estudantes e da Universidade Pública, laica, gratuita e de qualidade.
Viemos homenagear a professora e, sobretudo, a companheira Marilena que deixará um vazio em todos nós.
Pela dor e saudade que já sentimos, deixamos o Adeus do Centro Acadêmico de História da UERJ a mais uma indignada, que jamais de resignou.
Perdemos uma grande Companheira que esteve conosco até o último segundo, nas trincheiras da UERJ e do Brasil. Por isso, dizemos as mesmas palavras da mãe da Praça de Maio, Hebe Bonafinni:
“Aos que se foram não dedicamos nenhum minuto de silêncio mas, sim, toda uma vida de luta.”

http://cahis-uerj.blogspot.com/2011/03/cahis-de-luto-faleceu-professora.html?showComment=1299031358028#c56617289232788671

 

Mensagens do Grupo “Amigos de 68” (via e-mail)

  Continuo chocada. Daqui a pouco a ficha cai...


Marilena 05 AB- DSC00971Acho que, no enterro do corpo dela havia quase 150 pessoas: amigos, ex-militantes do PNA, do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ, alunos e ex-alunos da UERJ, pessoal da turma dela na FNFi, alunos da UFF, professores da UERJ, pessoal do PDT, familiares...
Todos perplexos. Ela morreu dormindo. Estava em Saquarema, na casa do irmão mais novo. No dia anterior, tivera um mal-estar, foi ao Posto de Saúde, foi para casa medicada e mais tarde dormiu. Não acordou mais. Foi direto ao encontro de seus antepassados e dos outros guerreiros lutadores como ela. Dia 3 de março houve uma missa pela sua memória na igreja de São José, no Centro.
Minhas homenagens à Companheira Marilena!
Eli.

 

 


Nada é por acaso. Estou lendo este email - agora 12hs02m - dia 1 de março. Saudade de uma querida e solidária amiga!
Só posso dizer isso. Saudade!
Um abraço a todos do Grupo Os amigos de 68.

Maysa

Para Marilena, esteja onde estiver

Puxa, Marilena, partistes tão de repente... Nem deu tempo de nos despedirmos! Tenho certeza que estás bem aí no 2º andar, onde algum dia voltaremos a nos encontrar!

Espero que tua passagem para o andar de cima tenha sido calma, sem traumas nem dores. Te imagino entre as nuvens, dando aulas de história para os anjos e a outros que estejam perto de ti.

Creio que, apesar de não podermos nos comunicar, estarás lendo essa mensagem.

Lembro-me (que engraçado) das vezes que nos encontrávamos no Lamas ou na Taberninha da Glória, antes de surgir os "papos" legais que sempre rolavam, tinhas que dizer como eu era parecido com o ator Peter Ustinov...

Infelizmente não poderei ir a tua missa: desculpe-me. Estou me recuperando em casa de dois meses dolorosos de internação.

Grande lutadora, muitas saudades !!! Mil beijos,

 Gil Vicente Simões

 

Eli,
Se eu pudesse, te pediria que me fizesse presente nessa Missa em homenagem a essa Grande Companheira.
É assim, o tempo a passar e a deixar-nos a todos mais pobres.
Bjnho do Flama

José Flamarion Pelucio Silva

Pois é, não surgem palavras para expressar a dor deste  momento.


LAO

Marilena era uma grande personalidade – ótima professora, batalhadora, inteligente, brilhante, carismática, solidária. Tinha uma alma linda e um grande coração. Era irmã mais velha do deputado estadual Paulo Ramos. Deixa muitas saudades.


Leo

Nossa Eli!!!! que coisa  louca!!! não conhecia a Marilena, mas com certeza, vai fazer falta na vida e na luta. Que Deus  ilumine e conforte seus familiares.

Bjs, Margot


Puxa, Eliete, também estou chocada.
Gostava dela. Aquela pessoa que a gente sente aconchego.
Incrivel, mas é essa a palavra que me vem de imediato. Apenas dormiu serenamente!
Bj, Vera

 Vera Paz

Convivi com Marilena quando ambas dávamos aulas no André Maurois. Lutamos sempre contra o arbítrio de diretores, nomeados politicamente, saudosos da ditadura. Conseguimos já no governo Brizola, eleição para a escolha dos dirigentes. Além de todas as qualidades aqui mencionadas, tinha um incrível senso de humor. Com o seu vozeirão característico espantava os mais conservadores, mas imediatamente se rendiam à sua argumentação consistente e vigorosa. A alegria que ela demonstrava facilitou muito a convivência com os que "temiam" a democracia, mas não temiam Marilena... Mulher de diálogo, que falta vai fazer!  

Helena Godoy

Expresso meus sentimentos pela companheira, outra vida lhe aguarda nas plagas de paz e  amor. Toda perda traz sofrimento e nos faz  lembrar que somos temporários, insubstanciais e que nossa curta permanência deve estar identificada com as virtudes e as melhores causas. Eu acredito que nosso grupo tenha isso no sangue e, portanto, cada um de nós que se vai sentimos profundamente,mas sabemos que estarão protegidos no reino de uma justiça que não falha.
Que Marilena descanse em paz!

Yara Falcon

Eliete,
Me manda se possivel o e-mail do Paulo Ramos, pra eu enviar uma mensagem pra ele. Foi uma paulada. Mas como disse Luis XIV, eu e a Marilena gozamos muitas vezes junto esta frase, "na nossa idade já não se pode esperar nada de bom"...

Abraço, Wilson

Meu mais profundo pesar...

Anita Chamorro

Oi Eli, Oi companheiros, oi todos,
Estou tão abalada que siquer consigo raciocinar... Recebí a notícia hoje e sigo estarrecida até agora... Marilena era uma grande amiga: solidária, presente, alegre, amiga de seus amigos, um ser humano da melhor qualidade! Sinto um grande orgulho de ser sua amiga e uma dor insuportavel ao me dar conta que já não poderei contar com suas piadas, seu bom  humor sua solidariedade irrestrita nas horas amargas da vida. Espero que todos que a conheceram saibam tirar dela um pouco de exemplo de humildade que sempre a caracterizou. Perdão amigos, mais não sei dizer, sinto-me como se me houvessem mutilado.
Que Deus ou outra força MAIOR para quem acredita, saiba consolar a todos e a receba, tocando trombetas a sua chegada.


Marilourdes

Amigos:
Não conheci a Marilena, no entanto temos minha família uma amizade grande com o Paulo Ramos. Gostaria que enviassem à família de Marilena todo o carinho e solidariedade do meu pai Brig Rui Moreira Lima, Julinha  e  eu  Pedro  Luiz

Obrigado, Pedro Luiz

Muito triste.
Por favor, transmita meus sinceros pesames à familia e a todos os amigos e companheiros. A luta continua! Viva a Marilena Ramos!

Pedro Alves

Estou pasma! Amanhã falo com você. Muitos beijos.

Beth Müller

Estou muito triste, pois trabalhei na mesma escola com ela durante sete anos. Nesses nossos encontros lembrávamos daquelas histórias dos anos setenta nas escolas.
Abs

Gilberto Lyra

É uma pena, a nossa geração está minguando...
O pior é que estamos indo sem ver o nosso sonho, a nossa utopia realizada. A luta continua, vencemos muitas batalhas. Nessa guerra ainda há muitas batalhas a serem vencidas.
Um abração a todos.

Maria do Socorro Diógenes

Camaradas e Amig@s, não conheci a Marilena, mas me somo às manifestações de todos vocês.
Peço que transmitam meu mais solidário abraço a toda a família.
Putabraço,

Alipio Freire

Eli, meus sentimentos pra ti e Paulo Ramos. Gostava imenso de sua presença, certamente irá brilhar em lugar de trevas trazendo a chama libertária da história e da superação humana. Viajo por uma semana e não estarei amanhâ, mas cantarei mantras e dedicar-lhe-ei méritos das belezas da viagem a Cusco.
Bjs. Emilio.
Muitos de nossos amigos de lá a receberão com festa, Almir, Velso, JB entre outros.

Emílio Mira y Lopez

Eli,
Que tristeza!

Affonso Henriques

Doce Marilena, grande em tudo, mas sobretudo grande no amor que tinha pelas pessoas e pela infinita dedicação às causas da soberania nacional, bandeira que nunca abandonou enfrentando a todos com muita garra e determinação.
Agora, saudades... muitas saudades.

Lincoln Penna

Marilena... Queria saber fazer poesia numa hora dessas. É muito triste! Fomos da Fnfi (ela de turma anterior). Durante uns 40 anos compartilhamos de vaaaaaaaaaaarias mesmas histórias e de vaaarias mesmas lutas. Olha, vai fazer muita falta!

Tania Marins

Eli, uma perda enorme para nossa geração e para todas as outras.
Nossos sentimentos.


Ricardo Varzea

 Não tive o privilégio de conhecer e conviver com Marilena, mas pelas referências de suas amigas e amigos era uma pessoa espetacular, fazia parte da turma do bem, deixa como legado o seu exemplo de vida. Recebam meus sinceros sentimentos de pesar e transmitam aos seus familiares e amigos (as)

Marcelo Santa Cruz

Ôi, Eli
Sabemos que estamos ficando velhos quando as nossas referências passam a ser companheiros que se vão etc... Triste é a vida, tantos sonhos desfeitos ou não realizados...
Eli, conheci a Marilena em 1988, minha colega na UERJ então. Eu a sábia irmã do Paulo Ramos, mas não sabia da sua militancia dentro do grupo Os amigos de 68. Depois nos perdemos nos descaminhos da vida e nunca mais soube dela. Que triste ter notícias dela em um momento tão doloroso para sua família, amigos e companheiros...
Grande abraço, extensivo ao Leo,

Mauricio David

Grande falta
Através de um telefonema da Eliete fiquei sabendo do falecimento de minha querida amiga e companheira do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ na década 90 e princípio do século 21. Marilena, excelente companheira de luta, excelente professora, cujo trabalho anônimo deu formação política a milhares de alunos do seu curso de Históiria. Marilena, tal como Nélson Werneck Sodré e Manoel Maurício de Albuquerque, utilizando a Histíoria como ciência que é, deu plena consciência política, sindical e de classe a todos os que estudaram na UERJ. Vai fazer muita falta.
Até sempe Marilena

Delson Placido Teixeira

Meus sentimentos. Que absurdo! Tão alegre!  Tão gente. é isso ai,  estou passada.

Marilia Guimarães

 

Caro Paulo Ramos,
Trago a vc o meu abraço solidário pela passagem da sua querida irmã Marilena. E uma pequena estória que ajuda a consolar quem fica.
Do amigo e companheiro de sonhos por um Brasil emancipado e feliz,

Marcos