CARTAS

Pelo aniverspário do GTNM/RJ

Buenos Aires, 30 de Septiembre del 2010.
El grupo de apoyo de FEDEFAM Argentina y la Asociación de Madres de Plaza Mayo Línea Fundadora hacemos llegar nuestro saludo por su 25 aniversario del Grupo Tortura Nunca Mais que ha través de los años mantiene la memoria de los Detenidos Desaparecidos de Brasil.

Como siempre por la MEMORIA, VERDAD Y JUSTICIA
Saludamos al Grupo de Tortura Nunca Mais

Alicia Albino, María Adela Antokoletz, Horacio Petragalla
Grupo de apoyo de FEDEFAM Argentina
Marta Vasquez
Presidenta de Madres de Plaza de Mayo Línea Fundadora
(por e-mail)

 


Do Choque de Ordem e Limpesa Étnica

Companheiros,
Como muitos já sabem, o ex-coordenador do Choque de Ordem e recém-eleito
Deputado Federal Rodrigo Betlhein está sendo nomeado Secretário de Assistência
Social. Já conhecemos a politica e o pensamento do Prefeito e, é claro, que qualquer
um nomeado para o cargo, executaria sua politica. Mas, a nomeção do Betlhein
é de um simbolismo muito grande, e não podemos deixar que isto ocorra de forma
silenciosa.

Nossos apelos podem não ser atendidos, mas, com certeza, se não gritarmos, estaremos sendo no minimo coniventes, como de certa maneira já somos.
Por isso, convoco a todos, para que possamos fazer algo, abaixo-assinado, denúncia, atos, para que possamos pelo menos perturbar. Existe uma fase da luta em que "perturbar", é a única coisa que nos resta e, por vezes, pode provocar estragos.
Bom, espero manifestações. (...)
Abraços,

Marcelo Edmundo
(por e-mail)


Tortura era coisa comum

Prezados,
Temos um Grupo de Pesquisa em Direitos Humanos cadastrado no CNPq aqui na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul e, se for possível, gostariamos de contribuir com pequanos textos para seu periódico.

Reproduzimos em nosso Blog do Curso de Pós-Graduação em Direitos Humanos uma notícia retirada do Blog Vermelho, em que um Coronel que atuou na Ditadura Militar afirma que "Tortura era coisa comum".
Fica evidente que se não efetuarmos a nossa Justiça de Transição, com a efetiva punição dos responsáveis, estaremos condenando o Brasil a aceitar a prática de tortura como meio de investigação. Isso é lamentável, trata-se de crime contra a humanidade.

Vale a pena perguntar: você tem certeza que nunca, em sua vida, será confundido com um criminoso? Pergunto pois, se for confundido com um criminoso e no Brasil se admite a prática de tortura como forma de investigação, pode ser que algum dia você seja torturado, mesmo sendo inocente. Nada justifica a tortura, nem o combate ao terrorismo, que era o argumento utilizado na época e que está sendo novamente utilizado pelos Estados Unidos da América.

Qualquer dúvida estou a disposição. Atenciosamente, grande abraço,

Alessandro Martins Prado
Coordenador da Pós-Graduação
http://proomne.blogspot.com/
(por e-mail)

 


A escritora Telma Scherer foi detida na Feira do Livro por realizar performance

Veja a notícia

“Enquanto eu estava fazendo a minha performance, na Praça da Alfândega, fui cercada por aproximadamente dez policiais e retirada de lá contra a minha vontade.
Os policiais primeiro me levaram para fora da Praça, longe das luzes da Feira, acompanhada pelos brigadianos e duas motos, na presença de um grande público, amigos, leitores.

Perguntei o que estava acontecendo e disseram que eu precisava me identificar. Depois me pegaram pelo braço e me puseram dentro de uma viatura com quatro policiais. Perguntei o que estava acontecendo e me disseram que eu estava sendo levada para fazer exames médicos. Eu chorava copiosamente pensando que, diante do público da Feira, eu era tratada como uma doente mental, bandida, criminosa, perturbadora da paz. E sem entender o que estava acontecendo, o que fiz de culpável.

Não fizeram qualquer exame. Apenas aguardei até que o vice-presidente da Feira chegou na delegacia e conversamos. Eu falei o óbvio: que a imagem poética é plurissignificativa, eu estava realizando uma manifestação artística, apenas, e em nenhum momento compreendi qual o crime que eu estava cometendo e nem o porquê de ser retirada dessa forma.

Eu quis apenas expressar sentimentos relacionados à vivência que tive nos últimos meses, quando acumulei muitas contas e tive que deixar o apartamento onde morava. Formei com as contas uma imagem poética em três dimensões, pus meu corpo em cena e utilizei alguns objetos cênicos.

O público parece ter se identificado, pois foi muito receptivo e acolhedor. Foi por causa dele que fiquei até o fim. Agradeço às pessoas que se manifestaram apoiando-me e inclusive revoltando-se com aquela situação. O público, leitor: foi para encontrá-lo que fiz minha performance. Ela não incentiva a leitura? O vice-presidente da Câmara disse que o objetivo da Feira é incentivar a leitura, quando o perguntei. É para o público que eu escrevo e pretendo escrever o melhor possível. Ainda que, às vezes, seja difícil encontrar um lugar adequado para isso.

Estou chocada e sem compreender o porquê de toda essa truculência com uma escritora em praça pública. Ora, uma escritora conversando com o público em um evento literário, e de repente tem de ser retirada dessa forma, como se estivesse cometendo crimes hediondos? Cada um interpreta uma performance à sua maneira, se o chapéu caiu certeiro na consciência de quem se incomodou com a minha presença, não posso fazer mais do que dizer: essa interpretação é sua.

O pior foi ter de interromper a minha performance. Eu estava em cena. Já fui contratada tantas vezes para fazer performances de poesia pelos próprios promotores do evento. Se buscarem os guias da Feira dos anos anteriores verão que estive na programação de 2009, 2008, 2007... Em 2010, não enviei propostas de atividades simplesmente porque, no ano passado, cansei demais. Convidaram-me para o Feira Fora da Feira, aceitei, e estou fazendo performances nas comunidades, aos sábados. Já estive na Lomba do Pinheiro, na Tristeza e amanhã, abalada moralmente, humilhada e entristecida, irei até o Morro da Cruz cumprir a atividade do Feira Fora da Feira.

Por que fui calada?

Amigos indignados farão um protesto intitulado "Não prendam o escritor". Levarão isso escrito em papéis. Quem tiver uma coleira ou uma corrente pode levá-la. Quem se sensibilizou com a truculência com a qual fui tratada está convidado a participar da manifestação.”

Diana Kolker
Movimento de Justiça e Direitos Humanos
(por e-mail)

 

Mostra Artística Cabaré do Verbo lembra:
"Um livro de poesia na gaveta não adianta nada, lugar de poesia é na calçada" (Sérgio Sampaio)

Cris Cubas
(por e-mail)

 


Mantendo viva a história da ditadura

Prezados/as,
Meu nome é Divaneide Paixão, sou professora da Universidade Católica de Brasília, trabalho em defesa dos Direitos Humanos, especialmente dos direitos das crianças e adolescentes e estou, no momento,envolvida com uma pesquisa que busca manter viva a história do período da Ditadura Militar. O título da pesquisa é Identidade e Memória dos Anos de Chumbo: A Trajetória de familiares de presos e desaparecidos políticos durante a Ditadura Militar.

A pesquisa é desenvolvida por pesquisadores da Psicologia. A coleta de dados em Brasília está sob minha responsabilidade e da profa. Dra. Angela Maria de Oliveira Almeida, da UnB. Em Pernambuco, a coleta é de responsabilidade da profa. Dra. Fátima Santos, da UFPE, e no Espírito Santo, a responsabilidade é da profa. Dra. Zeide Trindade, da UFES. A pesquisa é coordenada pela profa. Dra. Ingrid Faria GianordolI-Naciomento, da UFMG, responsável pela coleta de dados em Minas Gerais.

A intenção é fazer uma análise mais aprofundada, em nível psicossocial, de questões vinculadas às relações de gênero, família e identidade em sua interconexão com o campo político na história recente do nosso país. Esse nos parece ser o caso das ações sócio-políticas de familiares de presos políticos durante o regime de ditadura militar no Brasil, quando pais, mães, irmãos, companheiros, esposas, filhos e parentes tiveram suas vidas invadidas, perseguidas e violentadas pela repressão, tornando-se atores importantes nos movimentos de denúncia e combate as arbitrariedades dos regimes de exceção em toda América Latina, através dos quais, muitas vezes, assumiram papéis inéditos no campo da política, das relações de gênero na família e da participação nos movimentos sociais.

Sei que um dos objetivos do Grupo Tortura Nunca Mais é "trazer a história de nosso país durante o período de ditadura, esclarecendo as circunstâncias das prisões, torturas, mortes e desaparecimentos ocorridos naquele período".

Sendo assim, peço ajuda no sentido de localizar e indicar os contatos, no Distrito Federal, de pessoas que tenham sido vítimas dos horrores da Ditadura para que eu possa entrevistar seus familiares.

Agradeço imensamente a ajuda e apoio e estou à disposição para mais detalhes.

Abraço,
Profa. Dra. Divaneide Paixão
(por e-mail)


Repúdio ao jornal "O Globo" I

Gostaria de registrar o meu repúdio ao comportamento do jornal "O Globo" pela matéria veiculada em 19/11/2010, “Documentos da Ditadura dizem que Dilma assessorou assaltos a bancos". A imprensa tem o dever de informar e não de editar tendenciosamente o ocorrido com o objetivo de manipular a opinião pública.

Tal notícia incompleta, anacrônica, retira do contexto de lutas contra a Ditadura Militar, efetuada por uma convicção compartilhada por todos os idealistas e sonhadores de tal período histórico, de se implantar um sistema igualitário e justo, o socialismo, por via revolucionária. As ideias e atitudes, representações e sonhos têm trajetórias. Apesar das mudanças na mentalidade e comportamentos, os princípios permanecem e dentre eles os de justiça, igualdade e solidariedade, e o direito de insurreição contra governos ilegítimos e injustos.

Não sou militante partidária e sequer votei na Dilma no primeiro turno. Foi eleita por voto popular e portanto ocupará legitimamente o poder pela escolha da inquestionável maioria. O jornal, ao recortar do  contexto imoral e ilegítimo da Ditadura a luta efetuada pela Presidente eleita, não informando a notícia completa com o nome dos seus torturadores e os tipos de torturas praticados, ofende a Presidente, ofende o cidadão e viola o direito à História e a Verdade, garantido nos tratados internacionais. Cancelo pois a minha assinatura do referido jornal por considerá-lo manipulador e violador do meu direito individual à informação.

Em tempo, minha gratidão aos que deram o corpo e a vida para construir uma sociedade mais democratizada, no meu país, dentre eles a Presidente Dilma Roussef.

Katia da Matta Pinheiro, cidadã brasileira
(por e-mail)



Repúdio ao jornal "O Globo" II

À folha 04, da edição de O GLOBO de 20 de novembro, leio matéria repercutindo publicação do jornal Folha de São Paulo relacionada a participação  de DILMA VANIA ROUSSEF LINHARES na luta  de resistência à ditadura que nos foi imposta após o golpe de Estado que destituiu o então Presidente, constitucionalmente eleito, João Marques Belchior Goulart – Jango.

Lendo a matéria, vejo o dia 16 de janeiro de 1970 como sendo a data em que forças repressivas a detiveram. Esta data consta dos depoimentos levados a termo, na Auditoria Militar da Justiça Militar do Rio de Janeiro, e faz parte do documento histórico organizado pela Arquidiocese de São Paulo (Dom Evaristo Arns e outros), o livro – Brasil, Nunca Mais, onde constam depoimentos de testemunhas, acatados a termo pela Auditoria, do assassinato, por empalamento, de Mário Alves.

Até hoje, sua esposa – já falecida – Dilma Alves e sua filha não sabem, oficialmente, do paradeiro de seu marido e pai. Sua esposa, ao falecer, não tinha em mãos o atestado de óbito fornecido pelos assassinos de seu marido... e o mesmo, sua filha Lucia Alves não o tem até hoje. Só possuem dele, o atestado de nascimento.

Pois é, a ditadura continua para muitas famílias e sobreviventes da época.

Afinal, pergunto: quem são os terroristas – os militares do Para Sar, que receberam como missão explodir o Gasômetro e represa, ou os militares do Doi - Codi, que receberam como missão implodir o Rio Centro? Ambos com testemunhos irrefutáveis.

Pois é, cabe criminalizar a Presidenta eleita, pelo voto direto, e absolver, pela impunidade, os “TERRORISTAS OFICIAIS”?

Lao-Tsen de Araujo Dias
(por e-mail)