URUGUAI HONDURAS

O contraste entre duas eleições


Manifestação dos uruguaios pela eleição de Mujica

No dia 28 de novembro último, ocorreram eleições presidenciais no Uruguai e em Honduras, em contextos radicalmente diferentes. No primeiro caso, a eleição foi uma festa cívica exemplar na qual o candidato considerado progressista apresentado pela Frente Ampla, no governo, José Mujica, venceu o segundo turno sem qualquer dúvida ou impugnação, derrotando o ex-presidente conservador Luis Alberto Lacalle, do Partido Nacional (Branco).

Em Honduras, a situação foi diferente, ocorreu uma farsa, desprovida de credibilidade e de legitimidade, onde as vontades determinantes não foram as dos cidadãos hondurenhos, mas sim as da reduzida oligarquia local e a do governo dos Estados Unidos.

A eleição hondurenha foi realizada por golpistas e usurpadores, respaldados pelo governo norte-americano e rechaçado por uma significativa parcela da população. Entende-se como uma tentativa da legitimação do poder oligárquico, que no final de junho deste ano expulsou do país o presidente legalmente eleito – Manuel Zelaya, e confirmou Roberto Micheletti, que usurpou a presidência de forma repressiva e antipopular.

Em tais circunstâncias, a vitória do candidato do Partido Nacional, Porfírio Lobo, sobre Elvin Santos do Partido Liberal preocupa a comunidade internacional pelo perigo de confronto entre os movimentos de resistência contra o golpe de Estado e as forças conservadoras políticas e militares.

O Brasil e uma grande parte dos governos latino-americanos, já anunciaram que não reconhecerão o novo governo como legítimo, pois entendem como uma dissimulação a última eleição hondurenha. O presidente Barack Obama reconheceu o novo presidente, assim como Oscar Arias, presidente da Costa Rica.

O GTNM/RJ congratula-se com o povo uruguaio pelo resultado do segundo turno das eleições do Uruguai e se preocupa com a farsa eleitoral de Honduras que, pode induzir a uma séria crise política neste país da América Central.


PARAGUAI

Ativistas acham dados da Operação Condor no Paraguai

Arquivos do Ministério da Defesa guardavam documentos sobre esquema de repressão de regimes militares.

Ativistas de direitos humanos encontraram em 14 de outubro último, documentos com dados da chamada Operação Condor, um esquema de repressão instaurado por regimes militares do Cone Sul durante as décadas de 70 e 80, nos arquivos do ministério da Defesa do Paraguai.

"É um fato histórico porque é a primeira vez na história da América Latina em que as Forças Armadas abrem seus arquivos", disse Martín Almada, que liderou o grupo de ativistas que entrou nas dependências do Ministério com a autorização do titular de Defesa paraguaio, Luis Bareiro.

Nos arquivos policiais da ditadura de Alfredo Stroessner, de 1954 a 1989, conhecidos como Arquivos do Terror, "encontramos três toneladas (de documentos) e aqui uma tonelada", afirmou Almada. "Estamos encontrando dados da Operação Condor, das ligas agrárias (movimento camponês opositor à ditadura), da repressão às mulheres, de guerrilheiros argentinos ou documentos que eram considerados subversivos", disse o ativista.

Almada explicou ainda que a abertura dos arquivos militares faz parte de um acordo de cooperação entre o governo paraguaio com um programa das Nações Unidas e a Fundação Celestina Pérez, que leva o nome de sua falecida esposa, assassinada pela ditadura uruguaia.

O ativista, ganhador do prêmio "Nobel Alternativo da Paz" em 2002 e da Medalha Chico Mendes em 1999, dada pelo GTMN/RJ, foi preso e torturado durante a ditadura de Stroessner, e sua esposa morreu em 1974 como consequência das pressões psicológicas às quais foi submetida enquanto seu marido estava detido.


Chile

Funeral de Victor Jara



Há 36 anos, no dia 18 de setembro de 1973, Joan Jara, companheira de Victor teve que sepultá-lo de forma quase clandestina, acompanhada somente por duas pessoas. Em 4 de junho último, Victor Jara foi exumado na presença  de Joan e de suas filhas, Amanda e Manuela, para trasladá-lo, posteriormente, ao Instituto Médico Legal com o fim  de realizar perícias correspondentes às investigações sobre seu assassinato.

O corpo de Victor será devolvido a sua família que, junto à Fundação Victor Jara, inúmeras organizações dos movimentos sociais e muitos amigos, realizaram o funeral, no dia 3 de dezembro, no Cemitério Geral, onde ficará definitivamente. Durante dois dias (de 3 a 5/12), o corpo de Victor permaneceu exposto na Fundação que leva seu nome para que a população pudesse se despedir do seu herói.

O assassinato de Victor Jara continua impune, as entidades de direitos humanos do Chile e de toda América Latina, exigem a verdade e a justiça para este caso, assim como para todos os desaparecidos e mortos políticos do nosso continente. O brutal assassinato de Victor não tem impedido que seu legado cultural e seu exemplo de vida continuam vivendo no coração do povo chileno.

 Comunicado da Fundação Victor Jara
fund.victorjara@gmail.com


ARGENTINA

Carta Aberta de netos “restituídos” e irmãos que procuram
seus irmãos e irmãs nascidos no “cativeiro”


"Sobre o plano sistemático de roubos de bebês, isto é, o roubo de nossa verdadeira identidade durante a última ditadura militar, nós os netos queremos dizer claramente que:

  • Não corresponde à verdade que esteja em destaque no Juizado o direito de recuperar nossa verdadeira identidade, pois muitas vezes isto é colocado em discussão através de cúmplices, ou simplesmente “néscios”, que levaram adiante, aprovaram ou aprovam tal aberração.
  • O Estado deve usar todas as “ferramentas” para devolver a identidade de mais de 400 jovens que ainda desconhecem sua verdadeira história para assim fechar esta ferida que marca nosso país há mais de 30 anos. Lamentamos que muitas vezes queiram apresentar como incorreta a busca da verdade, pondo em discussão a exigência de uma análise de DNA. Esse exame, no caso de ser positivo, não só nos permite saber quem somos como coloca fim a uma busca de toda a família depois de mais de três décadas.
  • Aos legisladores em particular e à sociedade em geral pedimos que nos ajudem a encontrar, já que foi o silêncio que permitiu que a Ditadura nos sequestrasse. Hoje devemos advertir que esses silêncios, mantendo legais esses sequestros, na verdade são delitos permanentes que não prescrevem, são crimes de lesa humanidade e que somente deixarão de estar encobertos quando se descobrir  a verdade.
  • Cada dia que passa é a mentira que se mantém viva, apropriando-se da verdade da vida de mais de 400 jovens e com eles seus filhos, a nova geração da Argentina.
  • Esses jovens são nossos irmãos e recuperar nossa verdadeira identidade é o que nos permitirá sermos nós mesmos e não o que os “outros” gostariam que fôssemos quando assassinaram nossos pais e trocaram nossas identidades.
  • Ao conhecermos hoje nossos pais, temos a certeza de que eles nos deram a vida e que sob nenhuma circunstância nos abandonaram.
  • Só assim com o conhecimento da verdade poderemos construir uma sociedade mais sólida sem mentiras e com verdadeira transparência. 
  • Nós somos hoje livres porque podemos escolher o que fazer com essa história já que recuperamos nossa identidade e nos convertemos novamente em presos a alguém, mas, ao contrário, nossas famílias respeitam nossos direitos e cada um escolhe o vínculo que quer com elas.
  • Somos livres porque recuperamos o que nos roubaram, porque colocamos as coisas em seu lugar e assim podemos entender nosso DNA que ninguém pode mudar. Se em algum momento de nossas vidas nos ocultaram qual era nossa origem, hoje sabemos e podemos falar disso na primeira pessoa; hoje somos capazes de construir com essa história, um futuro.
  • O direito à identidade é um direito humano e como tal irrenunciável. É tão importante como à liberdade, à integridade física. Ninguém pode decidir se quer ou não exercer esse direito porque é o Estado o responsável por garanti-lo e preservá-lo.
  • Hoje este Congresso tem a responsabilidade e a obrigação de reparar o dano que nos causou o Terrorismo de Estado."

COLÔMBIA

Documento oficial da Força Aérea dos EEUU revela as verdadeiras
intenções atrás do Acordo Militar com a Colômbia


Um documento oficial do Departamento da Força Aérea do Departamento de Defesa dos Estados Unidos revela que uma base militar de Palanquero (Colômbia) garantirá a oportunidade para realizar operações de amplo espectro em toda América do Sul. Esta afirmação contradiz as explicações dadas por Uribe e pelo Departamento de Estado americano, pois ao explicar o acordo, Uribe disse que trata apenas de combate ao narcotráfico e ao terrorismo interno.

No entanto, a Força Aérea dos EE. UU. confirma o contrário e indica que os verdadeiros intenções e objetivos são para realizar operações militares em nível regional para combater a ameaça constante dos governos antiestadunidenses.

O acordo permite o acesso e uso das demais instalações e localizações por todo o território colombiano sem restrições. Junto com a imunidade plena que esse acordo outorga aos militares civis e trabalhadores estadunidenses, utiliza qualquer instalação no país, inclusive os aeroportos comerciais. Isso na verdade é uma entrega total da soberania colombiana. (...)

Não é difícil imaginar quais governos na América do Sul são considerados como antiestadunidense. Suas constantes declarações contra Venezuela, Bolívia e inclusive Equador comprovam que esses países são percebidos por Washington como uma “ameaça constante”.

A luta contra o narcotráfico é secundária.

O acesso à Colômbia aprofundará a relação estratégica com os Estados Unidos. O documento da Força Aérea explica que Palanquero é sem dúvida o melhor lugar para investir no desenvolvimento da infraestrutura na Colômbia. Sua localização isolada facilitará aos EE. UU., responder rapidamente a uma crise. Aumentará a capacidade de realizar sua guerra. O acordo aumentará a tensão e violência regional.

A informação revelada pela Força Aérea dos EUA faz evidente, sem dúvida alguma, que Washington está disposto a uma guerra na América do Sul utilizando a Colômbia como base de suas operações. Os povos da América Latina devem fortalecer “a integração” como a melhor defesa contra a agressão do Império do Norte.