LITERATURA

Dossiê Ditadura
Mortos e Desaparecidos Políticos no Brasil 1964-1985

A Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos e o IEVE – Instituto de Estudos sobre a Violência do Estado lançaram a segunda edição ampliada e atualizada do Dossiê Ditadura: Mortos e Desaparecidos Políticos no Brasil 1964-1985, pela Imprensa Oficial do estado de São Paulo.

Nesses tempos em que lutamos para afirmar as memórias da nossa História para além da História Oficial, é muito oportuna essa publicação que, como diz Aloysio Nunes Ferreira Filho: “A história de crueldade, heroísmo e sofrimento que essas páginas contêm ajudam-nos a reconstruir a metodologia comum aos regimes totalitários que, à semelhança do brasileiro, lançaram mão do terror para submeter seus povos.”

São quase 800 páginas com 436 histórias de mortos e desaparecidos políticos, dos quais há muitas fotos recolhidas nos arquivos já disponíveis que mostram o horror a que foram submetidos. Mas, o Dossiê esclarece que ainda há muito o que pesquisar nos diferentes arquivos militares que até hoje não foram abertos ao povo brasileiro, na sua busca pela verdade e pela justiça.

Fábio Konder Comparato, no prefácio dessa edição, nos diz: “Quanto aos que se foram, importa dizer que todos eles morreram no bom combate, pois deram suas vidas pela reumanização da nossa sociedade. O seu sacrifício extremo contribuiu, decisivamente, para pôr a nu o caráter ignominioso do regime militar. Nesse sentido, não devem ser inseridos no rol dos vencidos, mas dos vencedores.”

 Que este livro nos ajude na luta incansável pelos direitos humanos. O Arcebispo Arns dizia, na primeira edição: “Um livro, vários brados, uma certeza verdadeira. Nunca mais a escuridão e as trevas. Nunca mais ao medo e à ditadura. Nunca mais à exclusão e à tortura. Nunca mais à morte. Um sim à vida!


O Samba-Enredo Visita a História do Brasil
O Samba-Enredo e os Movimentos Sociais

Editado pela Ciência Moderna, é de autoria de dois conhecidos historiadores Luiz Sérgio Dias e Rubem Santos Leão de Aquino, oriundos da famosa Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil – F.N.Fi da U.B –, tendo sido lançado no Rio, em maio último.

Iniciando por Cabral, passa por D. João VI e a chegada da Corte ao Brasil (1500-1808) indo até o apogeu do Império (1870). A seguir acompanha o acaso do Império até o fim da República Velha (1930) e, por fim, caminha pela Revolução de 1930 até os tempos atuais.

Os próprios autores explicam que “a partir da importância assumida pelas escolas de samba na História do Carnaval carioca, torna-se oportuna uma amplificação do leque de estudos a respeito dessas instituições. (...). O presente trabalho objetiva analisar essa produção cultural entendendo-a como expressão de visões singulares, não só da História brasileira como também do próprio cotidiano popular, suas alegrias, tristezas, esperanças e preocupações!”

Para isto, os autores informam que o livro envolve duas linhas de abordagem: o samba-enredo e os movimentos sociais brasileiros, e o samba-enredo e os grandes personagens da História brasileira.

Os autores

Rubim Santos Leão Aquino, foi Vice-presidente do GTNM/RJ, ex-preso político, carioca, flamenguista e mangueirense. Desde 1978 está filado ao Sindicato dos Professores (SINPRO/RJ), integrando sua diretoria de 1993 a 1996. Autor de vários livros de História do Brasil.

Luiz Sérgio Dias é ex-preso político e carioca, tendo como Dissertação de Mestrado “Quem tem medo da Capoeira”, premiada, em 1996, no Concurso Monografia Carioca, tendo sido publicada pelo Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, em 2001.


República dos Fazendeiros
História, Economia & Literatura

Dos professores Rubin Aquino e Marcos Arzua, foi lançado no Rio de Janeiro, pela Editora E-Papers, este livro que merece a atenção de todos aqueles que se interessam pelo estudo da História do Brasil.


Diário de Fernando
Nos cárceres da ditadura militar brasileira

Por Frei Betto

Eis um documento histórico, inédito, que esperou 36 anos para vir a público: trata-se do diário de prisão do frade dominicano Fernando de Brito, prisioneiro da ditadura militar brasileira, ao longo de quatro anos (1969-1973) em que foi submetido a torturas e removido para diferentes cadeias. Fernando, em companhia de outros frades dominicanos, vivenciou algo inusitado em se tratando de presos políticos do Brasil: foi obrigado a conviver, durante quase dois anos, com presos comuns, em penitenciárias de São Paulo.

Diário de Fernando retrata o verdadeiro caráter do regime militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985. Não se conhece similar entre as obras publicadas sobre o período. Frei Betto, companheiro de cárcere do frade Fernando, resgatou as anotações, deu-lhes tratamento literário e as reuniu neste livro que se constitui num documento de inestimável valor histórico.

Diário de Fernando traduz a saga de uma geração que não se dobrou à ditadura e a qual o Brasil deve, hoje, a sua redemocratização. Eis uma obra que enaltece a dignidade humana, a capacidade de resistência frente à opressão e a vivencia da fé cristã como nas antigas catacumbas do Império Romano.

Foi lançado no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo.


Os Crimes da Fazenda Ponte de Tábuas
Um Estudo sobre a Escravidão em Nova Friburgo no Século XIX

De autoria dos historiadores Edson de Castro Lisboa e Jorge Miguel Mayer, este livro foi editado pela Alberian Gráfica e Editora. Segundo seu prefaciador, o historiador e professor da UFF (Universidade Federal Fluminense) Ciro Flamarion S. Cardoso, “insere-se numa corrente legítima de história regional – e local – que nunca perde de vista totalidades e assuntos maiores. A base de uma fonte de grande riqueza, os autores exploram nessa perspectiva um incidente da luta dos escravos contra a escravidão ocorrido em 1850, em área da então Vila Nova Friburgo: uma fuga que, devido a certas circunstâncias, desembocou em atividades que o sistema judiciário local da época enquadrou como ‘crimes’, punindo-as severamente. Na conclusão de seu texto, os autores apontam para a continuidade histórica existente na violência sistemática exercida até os nossos dias contra os negros pobres”.

O livro foi lançado em São Pedro da Serra, pequena cidade de Nova Friburgo, onde mora um de seus autores, Jorge Miguel, em 16 de maio último. Na oportunidade, na Livraria Eco-Arte, deu-se um interessante debate sobre o tema do trabalho: a escravidão em Nova Friburgo no Século XIX. É como os próprios autores afirmam: “sem desmerecer a atuação dos colonos suíços e alemães é importante compreender que, desde as origens, a escravidão esteve presente e influiu diretamente sobre a riqueza e as instituições locais”.

Não por acaso, os autores abrem este livro com uma citação de Jacques Le Goff que diz: “A memória onde cresce a História que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir o presente e o futuro. Devemos trabalhar de forma que a memória coletiva sirva para a libertação e não para a servidão dos homens”.

Os autores

Edson de Castro Lisboa é historiador e autor do livro “Duas Barras – nos caminhos da Tapera” e co-autor, junto com Jorge Miguel Mayer, de “Teia Serrana – formação histórica de Nova Friburgo”.

Jorge Miguel Mayer é oriundo da famosa Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil – F.N.Fi da U.B – como o é também o prefaciador, professor Ciro Flamarion S. Cardoso – e pesquisador da História de Nova Friburgo. Organizador e co-autor de “Teia Serrana – formação histórica de Nova Friburgo” e coordenador de “Festa de São Pedro”.


Vozes Silenciadas
De Papito de Oliveira – Ex-presidente da Comissão Especial de Anistia, pela Editora UFC.

“O livro de Papito de Oliveira, Vozes Silenciadas, não traz, naturalmente, toda a história da instalação do nazi-nipo-fascismo no Ceará, mas, sem dúvida, é retrato sem retoque da hediondez e da truculência militar-imperialista de que foi vítima a militância democrática, mormente os comunistas deste Estado, nos chamados anos de chumbo”.
Tarcísio Leitão – Ex-preso político e advogado trabalhista (Prefácio)

“Vozes Silenciadas é um precioso trabalho de resgate histórico através da fala, com textos escritos a partir de depoimentos de ex-presos políticos que aqui tecem suas biografias e batalhas, com as respectivas motivações e consequências.”
Lúcio Alcântara – Ex-governador do Ceará (Apresentação)

“Ao me deparar com relatos tão comoventes, percebi que estava diante de importante fase da história do Ceará que pouca gente conhecia... contendo depoimentos de mais de cem pessoas vítimas das atrocidades da ditadura militar no Ceará, cujo primeiro volume agora entrego ao público.”
Wanda Sidou (Introdução)   


O Museu do Sagrado ao Segredo

De autoria de Ana Lucia Siaines de Castro, o livro é uma adaptação de sua tese de mestrado, e trava uma discussão sobre o museu na sua concepção básica: a polarização entre o sagrado e o segredo. Propõe-se a debater a questão para que o museu venha a se movimentar enquanto troca e referência social, política e cultural. Pela Editora Ravan e pela Faperj.

A autora

Ana Lucia Siaines de Castro é museóloga (MHN), mestre e doutora em Ciência da Informação (ECO/UFRJ), e começou sua carreira no Museu da Imagem e do Som. Desenvolveu trabalhos de pesquisa, como o Projeto Brahma – O Som do Meio-dia – com o qual ganhou o título de Cidadã Benemérita do Estado, na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, pelas 210 exposições sobre músicos brasileiros. Participou da catalogação do acervo cultural do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e coordenou a Galeria de Arte da Casa de Cultura Laura Alvim. Como professora adjunta da UNIRIO, leciona na Escola de Museologia e no Mestrado de Museologia e Patrimônio.

Ao obter o prêmio auxílio à editoração, da FAPERJ, publicou, em 2007, pela Editora Revan: Memórias Clandestinas e sua Museificação. Novamente premiada, lança seu novo livro, pela mesma editora, no qual se debruça sobre o funcionamento e os mecanismos sacralizadores do museu.


GUANTÁNAMO

A escritora britânica Anna Perera lançou um livro cuja idéia central é Guantánamo boy, pela Agir Editora. É um livro para adolescentes que mostra a irracionalidade extrema desses tempos paranóicos de guerra e terror.

Depois do atentado de setembro de 2001, em Nova York, o jovem Khalid Almed é acusado de terrorismo. Segundo a autora, ele estava no lugar errado na hora errada. Ele é inglês, filho de um paquistanês, tendo ido com sua família a Karachi. Ele foi acusado pelo então satânico Bush, à época presidente dos EUA, de pertencer à rede terrorista Al Qaeda. Com 15 anos, esse menino sofre toda sorte de tortura, afogamentos, ficando em solitária, sob frio e calor intensos.

O livro aparece no momento em que Obama tenta cumprir promessas de campanha, de fechar a prisão de Guantánamo. É um livro impressionante, pois sinaliza que o ódio não é a resposta que poria fim a toda essa barbaridade e, ao mesmo tempo, leva jovens a conhecerem o verdadeiro “way of life” americana, nada democrático, terrorista, arrasando vida de civis, crianças e até americanos que são obrigados a guerrear sendo mortos e trucidados.


MÚSICA

 

Rio Araguaia

Rio Araguaia faz parte de uma parceria surgida há mais de 20 anos; é o encontro entre poesia e música, de Toninho Camargos e Ricardo Farias (Cadinho), ambos mineiros de Belo Horizonte, que ao homenagear os que tombaram e lutaram na Guerrilha do Araguaia, selaram um sucesso que perpassa as montanhas das Minas Gerais. A canção foi gravada pela primeira vez em 1983 por Titane e Cadinho Farias e volta a ser destaque no show do CD “Encontros” de Toninho Camargos, gravado ao vivo no Teatro de Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, no final do ano passado.

O CD tem uma composição de alguns artistas remanescentes do Mambembe, como Cadinho Faria e Titane, e outros mais jovens, admiradores da obra do compositor, como o Grupo Amaranto. Amigos e parceiros como Celso Adolfo, Hudson Brasil, Ladston do Nascimento, Lígia Jacques, Lira Amaral e Romeu Cosenza também participaram da construção desta obra.

Rio Araguaia
Cadinho Faria e Toninho Camargos
Editora: Nossa Música

Brotará o teu sorriso
Teu olhar futuro
Teu amor sincero
Essa terra que te guarda
Conservou teu sangue
Levantou teu nome
Nunca há de te esquecer

Ficará tua certeza
Teu caminho oculto
Tua fantasia
Esse sonho vai ligeiro
Rio de águas turvas
Livre pelo tempo
Até o mar se enfurecer

E esse dia, quando o dia?
Eu não vejo a hora de
Gritar a festa
E essa festa
Vai acontecer

O teu sonho, lindo sonho
Veja, ainda é hora de
Levar à frente
E pela frente
Muito que aprender

No Araguaia passa um rio
Rio onde plantaste tua liberdade
Camponês, homem da terra
Vingará teu sangue
Sonhará contigo
Nunca há de te esquecer

Vozes: Cadinho Faria e Titane
Violão: Cadinho Faria
Bandolim: Hudson Brasil

Os autores

Toninho Camargos, autor de mais de 200 músicas, nascido em Belo Horizonte, esteve desde pequeno ligado à música, à percussão e ao violão. Aos 17 anos compôs seu primeiro samba. Mais tarde se tornou colaborador da Fundação de Educação Artística, entidade que acolheu e estimulou o grupo Mambembe. Foi também produtor da Rádio Inconfidência, sob a direção de Fernando Brant, e assessor de cultura em administrações de cidades do interior mineiro.
http://toninhocamargos.zip.net/   

O compositor Ricardo Nogueira de Farias ou Cadinho Faria é integrante do grupo de choro Brasil com S e ex-integrante do grupo musical Mambembe, onde trabalhou como arranjador, compositor e roteirista de shows. Foi radialista, redator de humor. Músico profissional, aos 16 anos participou do Festival Internacional da Canção, como compositor e intérprete. É professor de harmonia e autor do método "Violão Decifrado". Cadinho Faria é o autor do hino do centenário de Belo Horizonte e do hino do grupo escolar São José de Pedro Leopoldo.
http://kadinditudo.zip.net/ ou twitter:@kadinditudo


POESIA

Sem Anestesias

Dor. Dói tudo
Doem os corpos que caem alvejados
E as crianças na rua vagando sem rumo
Doem todos aqueles sonhos abortados.

Dói ver as portas e as janelas cerradas
As grades de ferro cercando os muros
O medo estampado covardia nas caras
Doem todos aqueles gritos mudos.

Dói o câncer, a sífilis
E sua legião de enfermos
Dói a AIDS, a pneumonia, a hepatite
E as coisas que ainda não sabemos.

Dói a fome, a sede
Pior, tem comida, tem água sobrando
Dói a desnutrição e suas crias
Esqueletos humanos, crianças apáticas agonizando.

Dói a estupidez de mais uma guerra
Já foram tantas e outras mais diferentes
Dói ver o descolorido flagrante de nossa época
Pior, como dói saber que poderia ter sido diferente.

Doem todas as nossas misérias históricas
As desigualdades seculares e hipócritas
Dói o preconceito, a violência e o racismo
Dói não olhar o que é preciso ser visto.

Doem na pele as mentiras que engolimos
E todas as falsidades que alimentamos
Dói perceber que nunca fomos mais do que isso
E saber que assim jamais seremos diferentes do que somos.

A dor é profunda e às vezes dá vontade de parar
Mas a roda viva continua a todo vapor a girar e girar
Então, apesar dos males e das tristezas é preciso acreditar
Que, mesmo que tudo diga o contrário, é possível mudar.

E se a dor for ainda mais pungente e mordaz
Que nossos desejos de transformar a vida
Então é que num momento simples e fugaz
A gente pode descobrir que ela é mesmo bonita e bonita.

E como as águas da chuva que caem no chão
Ou as nuvens que passam velozes no céu distante
A vida corre depressa, e não espera não
É preciso saber fazer valer a pena cada instante.

Pode até doer as tristezas, mas sempre haverá alegrias
E motivos pra continuar firme caminhando e acreditando
Pois apesar de todas estas dores não quero anestesias
Prefiro de olhos abertos e pés no chão, continuar sonhando.

Poesia escrita para a qualificação da dissertação "Não dá pé. Não tem pé nem cabeça. Não tem ninguém que mereça. Não tem coração que esqueça": a "chacina do PAN" e a produção de vidas descartáveis na cidade do Rio de Janeiro.

Autor: José Rodrigues de Alvarenga Filho, psicólogo, mestrando em Psicologia
na Universidade Federal Fluminense (UFF).
Blog: http://experimentandoversos.blogspot.com

Campanha de Parcerias Solidárias

Como o GTNM-RJ está precisando muito de ajuda financeira, estamos oferecendo nossos livros e filme e solicitando uma colaboração. Para cada produto R$20,00 e para três, R$50,00.

Livros:
20 Anos da Medalha Chico Mendes de Resistência – Memórias e lutas
Clínica e Política – Subjetividades e violação dos direitos humanos
Clínica e Política 2 – Subjetividade, Direitos Humanos e Invenção de Práticas Clínicas

Filme:
Memória para uso diário