CARTAS

Professores universitários perseguidos pela repressão

(...) Meu nome é Andréa Santos, sou graduada em Historia pela UERJ e no momento estudo sobre os professores universitários perseguidos pela repressão militar. Esta pesquisa é para o Mestrado. Tenho lido alguns artigos e livros inclusive o "NUNCA MAIS – Informe da Comissão Nacional sobre o desaparecimento de pesssoas na Argentina"; "Brasil nunca mais..." e o "Direito à memória e à verdade". Estou na fase inicial, delimitando os caminhos a seguir e gostaria, se possível, de entrar em contato com vocês para pesquisa e visita ao Grupo, e também para obter ajuda nesta pesquisa, pois é muito difícil encontrar o nome de professores universitários desaparecidos e mortos, sendo isto o que me encantou nesse trabalho.

Muito obrigada pela atenção.

Cordialmente, Andréa Santos Nascimento
(Via e-mail)


Polícia Militar na USP

Belo Horizonte, 09 de junho de 2009.

Prezados Senhores,

Eu, Carlos Philipe Barbosa Polato, reproduzo agora e-mail enviado hoje ao Governador do estado de São Paulo repudiando as ações da Polícia Militar do Estado de São Paulo contra manifestantes no campus da Universidade de São Paulo (USP) hoje.

Antecipadamente agradeço,

Carlos Philipe Barbosa Polato

”Belo Horizonte, 09 de junho de 2009

Ao Governador do Estado de São Paulo, Excelentíssimo Sr. Dr. José Serra,

Eu, Carlos Philipe Barbosa Polato, cidadão brasileiro, venho por meio deste, manifestar publicamente meu repúdio às ações desencadeadas hoje pela Polícia Militar do Estado de São Paulo no campus da Universidade de São Paulo (USP), onde balas de borracha, bombas de efeito moral e gás de pimenta foram usados pela Polícia Militar contra manifestantes.

Gostaria de saber se é dessa mesma forma que Vossa Excelência agirá se algum dia vier a ser presidente da República Federativa do Brasil para resolver as reivindicações dos trabalhadores do setor de Educação e Saúde ou outro setor importante, tão crucial, mas tão castigado pelo desrespeito, pelo esquecimento, pelo desdém das autoridades deste País?

Gostaria de saber se é com balas de borracha, bombas de efeito moral e gás de pimenta que Vossa Excelência pretende continuar governando o Estado de São Paulo? Ou talvez com coisas piores? Pois se é assim que Vossa Excelência trata as pessoas de cuja instituição Vossa Excelência é egresso, imagine com os demais!!!

Atenciosamente,

Carlos Philipe Barbosa Polato”
(Via e-mail)


Memória para Uso Diário

Caro/a representante de GTNM-RJ

Sou um bibliotecário de uma universidade nos EUA, a Universidade de Illinois em Urbana-Champaign. Gostaria de comprar uma cópia do seu filme, “Memória Para Uso Diário”. Li no seu jornal que esse filme está à venda. Então, gostaria de pedir uma cópia que tenha legendas em inglês. Se vocês pudessem me informar o preço do filme, incluindo o transporte aos EUA, eu vou poder lhes mandar o pagamento. O endereço da biblioteca e:

Acquisitions Department
12 Main Library
1408 West Gregory Drive, MC-522
Urbana, IL 61801

Obrigado pela sua ajuda,

Noah Lenstra
(Via e-mail)


A Produção do Esquecimento

Senhores:

Muitas vezes relembro o período da ditadura, em que vivi parcialmente informado. Nasci em 1957, em Santos, que era considerada área de segurança nacional. Fui um estudante comprometido apenas comigo mesmo, tinha o meu carrinho, minha família de classe média, sem nenhum engajamento político.

Comecei a compreender realmente os fatos já na faculdade, no fim dos anos 70, quando editava um jornal que era levado para aprovação antes de ser publicado. Tinha em nosso meio um oficial da força aérea que fingia assistir às aulas de Administração e na cidade havia blitz por todos os lados. Meu pai sempre me orientou a adotar uma subserviente postura diante das "autoridades".

Hoje, apesar de tudo, eu me arrependo de não ter declarado apoio àqueles que não se conformaram com a situação reinante. Acredito que o número de desaparecidos é maior do que o divulgado!

Parabenizo o trabalho dos senhores, frente aos absurdos fatos acontecidos em nosso país que ainda são reproduzidos nas delegacias, nas prisões arbitrárias, nas instituições penais. Uma cultura de violência covarde!

Peço desculpas pela omissão de parte da minha geração,

Marco Antonio dos Anjos
(Via e-mail)