GTNM

 
 
 

Notícias aqui

 
- 24 de junho de 2013

Francisco Tenório Júnior

Desaparecido desde 1976, quando tinha 35 anos.

Músico que excursionava por Buenos Aires, acompanhando o violonista Toquinho e o poeta Vinícius de Moraes.

Tenorinho, como era conhecido, foi detido na noite de 18 de março de 1976, logo após ter deixado o Hotel Normandie para procurar uma farmácia em busca de medicamentos. Foi tragado pela rede clandestina da repressão oficial sem deixar pistas.

Vinícius de Moraes, Toquinho e mais alguns amigos, como o poeta Ferreira Gullar (exilado em Buenos Aires) mobilizaram-se inutilmente. Procuraram em hospitais e delegacias e buscaram ajuda na embaixada brasileira.

O governo brasileiro, em 1976, informou que nada sabia e o Itamaraty anunciou que “envidava esforços” para localizar o pianista desaparecido.

Em 1986, o ex-torturador argentino Claudio Vallejos, que integrava o Serviço de Informação Naval, em entrevista à revista Senhor (n° 270) menciona o destino de diversos brasileiros nas mãos da ditadura argentina: Sidney Fix Marques dos Santos, Luiz Renato do Lago Faria, Maria Regina Marcondes Pinto de Espinosa, Norma Espíndola, Roberto Rascardo Rodrigues e Francisco Tenório Jr. Em documentos apresentados por Vallejos diz-se:

“Do dia 20 de março de 1976 – quando o Capitão Acosta solicita ao Contra-Almirante Chamorro autorização ‘para estabelecer contato com o agente de ligação, código de guerra 003, letra C, do SNI do Brasil’, para que informasse a central do SNI no Brasil que o grupo de tarefa chefiado por Acosta estava ‘interessado na colaboração para a identificação e informações sobre a pessoa do detido brasileiro Francisco Tenório Jr.’”

Outro documento, em ofício assinado por Acosta é dirigido ao embaixador, em nome do “Chefe da Armada Argentina”, e datado de 25 de março de 1976, quando a embaixada brasileira era comunicada sobre o seguinte:

“1) Lamentamos informar a essa representação diplomática o falecimento do cidadão brasileiro Francisco Tenório Júnior, Passaporte n° 197803, de 35 anos, músico de profissão, residente na cidade do Rio de Janeiro;

“2) O mesmo encontrava-se detido à disposição do Poder Executivo Nacional, o que foi oportunamente informado a esta Embaixada;

“3) O cadáver encontra-se à disposição da embaixada na morgue judicial da cidade de Buenos Aires, onde foi remetido para a devida autópsia.”

Mesmo a embaixada brasileira tendo sido comunicada do assassinato de Tenorinho, no mesmo mês de março de 1976, o governo brasileiro jamais tomou a iniciativa de se comunicar com os familiares do músico, que não receberam sequer seus restos mortais.

– Tenorinho, afinal, homenageado

Luiz Orlando Carneiro – Jornal do Brasil – 20/05/04

Osvaldinho de Oliveira Castro, baterista amador da maior competência, habitué do Beco das Garrafas na década de 60, vive hoje em Friburgo, mas continua um jazzófilo entusiasmado. No recente Chivas Festival, na Marina da Glória, presentou o “”canonizado”” saxofonista Bud Shank com uma foto, tirada em fevereiro de 1963, no Festival de Jazz de Mar del Plata. Shank, então com 36 anos, aparece em primeiro plano, tocando flauta. A seu lado, o trombonista Edson Machado e, bem ao fundo, o baterista Osvaldinho. Em terceiro plano, ao piano, de óculos escuros, Tenório Júnior, o Tenorinho, 22 anos na época, acompanha o solo de Bud Shank.

Em 18 de março de 1976, quando estava em Buenos Aires, em excursão profissional com Vinicius de Moraes e Toquinho, Tenorinho saiu do Hotel Normandie para ir à farmácia e foi detido por agentes da ditadura militar argentina. O pianista não era ativista político, nem era “”fichado”” no SNI ou em qualquer outro órgão de repressão da ditadura militar brasileira – naqueles tempos, os serviços secretos das Forças Armadas dos dois países trocavam informações e presos políticos.

Uma semana depois, a chefia da Armada argentina comunicava à Embaixada do Brasil em Buenos Aires: “”Lamentamos informar (…) o falecimento do cidadão brasileiro Francisco Tenório Júnior, passaporte nº 197803, de 35 anos, músico de profissão, residente na cidade do Rio de Janeiro. O mesmo encontrava-se detido à disposição do Poder Exec

Acesse também:

Mala Direta
Cadastre-se e receba informação sobre as atividades do GTNM e o movimento de luta pelos direitos humanos.

Redes Sociais
siga o GTNM