O GTNM/RJ se solidariza com alunos, professores e direção da Escola Estadual Aggêo Pereira do Amaral, de Sorocaba-SP, pelas ameaças sofridas pela PM da cidade. A que nível chegamos! Além de termos uma polícia militarizada, que comete atos inaceitáveis a ponto de a confundirmos com criminosos, resolveu agora patrulhar conteúdos – de alto nível – de escolas. Parabéns à Escola pela escolha do tema e do autor e vamos continuar denunciando mais esse desatino institucional!
Vejam o texto que recebemos:
Valho-me do presente para lhes solicitar manifestações de apoio por escrito contra a intimidação que a PM (Polícia Militar) do Estado de São Paulo está fazendo contra a comunidade escolar da Escola Estadual Aggêo Pereira do Amaral, de Sorocaba-SP, por ter desenvolvido um trabalho a partir da obra de Foucault, “Vigiar e punir”. A PM esteve na escola para pedir retratação por parte da comunidade escolar e tem, segundo relatos publicados em vários meios, intimidado os professores, principalmente os de Filosofia, articuladores do trabalho, e também a Direção da Escola.
No dia 02 de setembro, foi realizado um colóquio, debatendo “Os 40 anos de Vigiar e Punir e o sistema carcerário brasileiro”. As palestras encerraram uma discussão iniciada nas aulas de Filosofia, a partir do livro de Foucault – Vigiar e Punir. Como resultado da leitura da obra, os alunos produziram vários trabalhos, debatendo a situação das mulheres no presídio, a superlotação, a função social do sistema carcerário, a situação vivenciada pelas travestis presas, enfim, abordaram muitas questões e teve uma que gerou uma grande polêmica: a violência policial.
Ao tomar conhecimento dos trabalhos uma tenente e dois cabos foram até a escola para intimidar o corpo docente, entretanto, diante da firmeza da direção e dos professores várias viaturas da ROTA passaram a rondar a escola com objetivo de amedrontar e ameaçar a comunidade escolar, sim, a ROTA que é considerada na corporação o grupo de elite, passou a fazer patrulha escolar. Não satisfeita a PM divulgou uma nota oficial em sua página expondo o nome do professor, dos estudantes, da escola, da direção e exigiu que a Diretoria de Ensino tomasse providências para censurar e repreender o professor e os alunos.
Isso mesmo, a PM está tentando interferir no conteúdo do currículo escolar. Tudo por conta de um trabalho sobre a obra “Vigiar e punir” de Michel Foucault. No trabalho foi usada uma charge do Latuff que retrata a face da polícia militar (Rota) com o rosto de uma caveira, a mesma caveira que a própria polícia adota como símbolo e se orgulha de reafirmar sempre.
(<https://www.facebook.com/viviane.mendonca.5/posts/943276489063373>)
O caso é dramático e ganhou repercussões em várias mídias, pois “Não é atribuição da polícia realizar monitoramento e patrulhamento de conteúdo acadêmico! Essa situação é a prova mais concreta de que a PM precisa se adequar ao modelo constitucional inaugurado em 1988.”
(<https://coletivoche.wordpress.com/2015/09/19/o-fascismo-militar-e-a-censura-aos-estudantes/>).
Por isso, foi articulada a campanha “#somostodosaggeo – A PM não calará os estudantes e professores!”, articulada pela APEOESP-Sorocaba, APROFESP Sorocaba e Comissão de Direitos Humanos da OAB.
Assim, solicito que todos os integrantes de Programas de Pós-Graduação, Departamentos, Centros, Conselhos, Grupos de Pesquisa e mesmo personalidades públicas e movimentos sociais, que acreditam na necessária defesa da liberdade de ensino, que se manifestem enviando moções de apoio à escola e de repúdio às ações da Polícia Militar. Os textos deverão ser enviados urgente e diretamente a uma das professoras da escola, Silvania Meira Chaves, para o seguinte e-mail: sil_chaves@hotmail.com.