Nasceu em 20 de novembro de 1954, em Juiz de Fora – MG, filho de Geraldo Gomes Pimenta e Maria da Glória Sales Pimenta, que tiveram 7 filhos. Pouco depois de formado em Direito, foi aprovado em concurso do Banco do Brasil indo para Brasília. Descontente com as falcatruas, renunciou e foi então para Conceição do Araguaia, e logo depois para Marabá, onde, com apenas 27 anos, foi assassinado no dia 18 de julho de 1982.
Na cidade de Marabá, Gabriel realizou um trabalho incansável de defesa e organização de entidades de trabalhadores. Colaborou na criação e reestruturação de sindicatos. No Sindicato dos Trabalhadores Rurais, acessorou a criação de delegacias sindicais e encaminhou os posseiros pela legalização de suas terras. Também ajudou a criar associações de diversas categorias. Passou a ser advogado de causas populares. Organizou reuniões e palestras naquele estado para denunciar o entreguismo das nossas riquezas. Gabriel era mais que isto, era revolucionário e comunista que lutava não só contra aquele regime militar, defendia a revolução, por uma democracia popular e pelo socialismo.
Gabriel Pimenta é mais um mártir na luta dos camponeses contra o latifúndio. Seu covarde assassinato aconteceu durante a luta dos camponeses da Vila Pau Seco, próximo a Marabá, pela posse da terra. No início do ano de 82, Gabriel encaminhou ação na justiça pela permanência de 260 famílias naquela área, onde já moravam há mais de 20 anos. Essa terra estava nos planos de grilagem de Manoel Cardoso Neto, conhecido como Nelito, que pretendia expulsar as famílias a qualquer custo. Para isso, conseguiu uma liminar de reintegração de posse. Gabriel Pimenta conseguiu que essa liminar fosse revogada através de um mandato de segurança, que a considerou “ilegal e abusiva” e exigiu que a própria polícia militar, reconduzisse os camponeses de volta à Vila Pau Seco, onde estão até hoje.
Diante da pressão do povo de Marabá, após o assassinato de Gabriel, foi instaurado inquérito policial ainda em 1982. Mas a denúncia só foi apresentada em agosto de 1983, e as audiências de qualificação e interrogatório ocorreram mais de 5 anos depois. A sentença de pronúncia só foi proferida em agosto de 2000, 17 anos após a instauração do processo; 21 anos após o crime, foi expedido o decreto de prisão contra Manoel Cardoso Neto, conhecido como Nelito, o mandante do crime e José Manoel Nóbrega, o assassino, no entanto, a polícia paraense não fez qualquer esforço em prendê-lo. Mesmo diante de todas as evidências, seus assassinos foram protegidos pela justiça do Pará.
Recentemente, em decisão inédita da juíza Maria Aldecy, em sentença de primeiro grau condenou e responsabilizou o estado do Pará pela morte de Gabriel. É o primeiro caso de condenação do Estado do Pará por não punir responsáveis por crimes no campo. Devido à morosidade da justiça sobre o caso, o governo brasileiro responde ainda a um processo na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos), proposta pela CPT e pelo CEJIL.
Após seu covarde assassinato, os camponeses da Vila Pau Seco pediram à sua família que ele fosse enterrado em Marabá, para que permanecesse junto deles. No seu funeral, os camponeses escreveram uma faixa muito significativa: “Gabriel Pimenta, ao te matarem te multiplicaram e agora seremos milhões”, porque, como disseram também, “quem morre pelo povo, no povo viverá”.
Anos depois de sua morte, a história e o exemplo de Gabriel Pimenta seguem impulsionando a dura luta dos camponeses pobres no sul do Pará. Hoje uma grande área ocupada no sul do Pará por camponeses que se organizam na LCP – Liga dos Camponeses Pobres, tem o nome de Gabriel Pimenta. No Brasil, seu nome é a referência maior da ABRAPO (Associação dos Advogados do Povo), que o tem como norte, ética e profissional, na sua luta em defesa dos direitos do povo.
“Marabá, Marabá, / plantaram Gabriel / no teu ventre de ferro, / no teu ventre de ouro / e de esperança, /
para que surja / quanto antes / a brigada do futuro.”
(do poema “ORAÇÃO FÚNEBRE PARA GABRIEL: ANJO HERÓI SEMENTE”, de Benedito Monteiro em homenagem a Gabriel Pimenta, lido em seu funeral).
Gabriel Pimenta, PRESENTE!