Depois das belas demonstrações de força e de luta dadas pelos secundaristas de São Paulo e de Goiás em 2015, vivenciamos desde março de 2016 as ocupações de escolas no Rio de Janeiro. A primeira escola a ser ocupada foi o Colégio Estadual Mendes de Moraes na Ilha do Governador, que ocorreu no dia 21 de março. De lá para cá já são dezenas de ocupações em diversas cidades de todo o estado.
A luta dos estudantes ultrapassa às pautas urgentes por melhores condições de ensino, por democracia interna nas escolas e de apoio à greve dos profissionais da educação. As ocupações estão demonstrando, ao mesmo tempo, a necessidade e a possibilidade de apropriação coletiva dos espaços de troca e produção de conhecimentos e subjetividades. Na verdade, os secundaristas almejam uma nova forma de se pensar e administrar todo o sistema educacional. Colocam em cheque, em primeiro lugar, as funções atuais de suas próprias escolas e, em seguida, o próprio ordenamento social que as mesmas servem.
Mais do que isso, os estudantes saíram do campo das exigências para o campo da ação concreta. Eles mesmos assumiram a tarefa de apropriação do velho e de construção do novo. E o novo está sendo construído coletivamente nos trabalhos mais elementares que constituem as ocupações: na divisão de tarefas culturais, de limpeza, de alimentação, etc.; no respeito mútuo e no clima de solidariedade que circundam as ocupações; nas atividades políticas; nas assembleias abertas e democráticas; nas decisões coletivas sobre o que é importante e sobre o que deve ser feito; dentre muitos outros trabalhos. O mais importante é que tudo isso está sendo feito com as portas abertas, envolvendo estudantes, professores e as comunidades. Em suma, as escolas ocupadas estão se enchendo de vida; estão sendo reinventadas pelas e para as pessoas que às integram; estão se tornando mais públicas do que jamais o foram.
Que a força dos estudantes sirva de exemplo e funcione como um sopro de inspiração para todas as lutas por igualdade e transformações sociais profundas. O Grupo Tortura Nunca Mais/RJ declara seu apoio total às ocupações do Rio de Janeiro e do Brasil!
O recado deixado pelos secundaristas de São Paulo que receberam a Medalha Chico Mendes de Resistência no dia 1º de abril foi claro:
“Estudante, tome sua escola.
Operário, tome sua fábrica.
Governo, tome cuidado!”
Por todas estas razões, o GTNM/RJ vem participando e apoiando atividades em escolas ocupadas. Confira abaixo alguns registros.
Atividade do GTNM/RJ na escola ocupada André Maurois.
Apoio do GTNM/RJ à escola ocupada Mendes de Moraes.
