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Dossiês de Mortos e Desaparecidos Políticos

Triste memória a de um povo que tem que lembrar dos que morreram ou desapareceram sob o jugo de torturadores não confessos, não publicizados, não responsabilizados!

 

Cecília Coimbra e Flora Abreu consultando dossiês no Arquivo Público do Rio de Janeiro

 

> Desaparecidos Chile

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Militante do MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO POPULAR (MOLIPO).

Nasceu em 8 de setembro de 1945.

Estudante de Ciências Sociais. Trabalhava na Editora Abril.

Pertenceu à ALN e, mais tarde ao MOLIPO.

Por suas atividades políticas foi condenada a 5 anos de prisão, exilando-se, então, no Chile. Lá ligou-se ao Movimiento de Isquierda Revolucionário (MIR) e casou-se com o jornalista Pepe Carrasco.

Morta em 6 de dezembro de 1974 em Concepción (Chile).

Sobre este período no Chile e sobre seu desaparecimento, sua irmã Dulce Ana Vanini, assim se expressa:

“… havia entre eu e Jane uma correspondência semanal por carta e mensal por telefone, que foi interrompida por ocasião de sua morte. Esta me foi comunicada por seu companheiro Pepe Carrasco, em março de 1975. Pepe se encontrava preso, quando ocorreu a morte de Jane.

Seu corpo nunca foi encontrado, apesar das buscas feitas pela mãe de Pepe e pela Liga de Senhoras Católicas Chilenas.”

Pepe Carrasco foi assassinado em 1986 em represália ao atentado realizado por guerrilheiros chilenos contra o ditador Augusto Pinochet.

Anches Domingues Vial, hoje Secretário Executivo da “Corporación Nacional de Reparación y Reconciliación”, do governo chileno, em carta de 14 de janeiro de 1994, à irmã de Jane Vanini, assim se expressou:

“… Neste caso, quero compartilhar com a senhora minha experiência pessoal de ter conhecido Jane, a quem tentei proteger em minha casa, imediatamente após o golpe de Estado de 11 de setembro de 1973, no Chile.

Ela conviveu com minha família durante aproximadamente um mês e meio, até que as perseguições contra mim… puseram em risco minha segurança pessoal e a das pessoas que tentava ajudar.

Devido a isso, Jane foi para a cidade de Concepción, cerca de 500 km ao sul de Santiago, onde encontrou a morte nas mãos dos agentes da DINA.

O cerco e perseguição contra mim me obrigaram a ir para o exílio, em junho de 1974… Retornei ao Chile em janeiro de 1980 e fundamos a Comissão Chilena de Direitos Humanos, da qual fui Coordenador Geral.

Recuperada a democracia, em março de 1990, iniciamos um longo caminho de reparação e de reconciliação entre os chilenos. É com profunda emoção que comunico à senhora o resultado final das investigações que concluíram sobre o caso de Jane…

Em dezembro de 1993, o governo chileno assumiu suas responsabilidades no caso Jane Vanini, concedendo à sua família pensão como forma de reparação.”

Compromisso com a verdade e a justiça: Jane Vanini foi identificada!

A Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos comemora o encontro dos restos mortais da militante política Jane Vanini, assassinada no Chile em 6 de dezembro de 1974. Os esforços dos familiares brasileiros juntamente com os dos chilenos conquistaram mais uma vitória para o resgate histórico na busca pela localização dos corpos dos desaparecidos políticos.

A articulação entre os familiares brasileiros e os de outros países permitiu, em passado recente, a prisão do torturador chileno Osvaldo Romo Mena e do ex-ditador boliviano Garcia Meza, na cidade de São Paulo. Admiramos o empenho de governos latino-americanos na investigação dos crimes políticos e punição de seus responsáveis, em contraste à apatia dos governantes brasileiros. A Comissão de Familiares lamenta o descaso do governo, que nada faz pela busca dos desaparecidos.

A garantia do direito à memória, a investigação dos crimes e a punição dos responsáveis é uma exigência dos familiares e da sociedade brasileira. O compromisso dos democratas deve ser com a verdade e a justiça, condição necessária para o fortalecimento da democracia.

São Paulo, 15 de maio de 2005.

Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos

Jornal do Brasil, 16 de maio de 2005

Corpo de guerrilheira encontrado no Chile

BRASÍLIA – O governo brasileiro anunciou ontem oficialmente a identificação dos restos mortais da desaparecida política Jane Vanini, morta em 1974 no Chile pela ditadura de Augusto Pinochet.

Jane Vanini foi assassinada pela repressão chilena em Concepción, a cerca de 500 km ao sul de Santiago. Na cidade, seu corpo foi enterrado num cemitério clandestino.

O ministro Nilmário Miranda, da secretaria de Direitos Humanos, disse que a ossada foi encontrada pelo governo chileno há algum tempo (não soube precisar quando) e identificada somente na última quinta-feira por meio do exame da arcada dentária. Nilmário disse ter conversado com a família da brasileira anteontem e, a pedido dela, os restos mortais de Jane devem ser transportados para a sua cidade natal, Cárceres, em Mato Grosso.

Jane nasceu em 8 de setembro de 1945. No começo dos anos 60, se mudou para São Paulo para estudar Ciências Sociais. Ingressou na Ação Libertadora Nacional (ALN ), comandada por Carlos Marighela. Em 1969, viajou para Cuba, onde ficou dois anos recebendo treinamento de guerrilha. Ao retornar para o Brasil, entrou para o Movimento de Libertação Popular (Molipo), dissidência da ALN que tinha entre seus membros o ministro José Dirceu.

Condenada à prisão pela ditadura brasileira, Vanini se exilou no Chile em 1971. Lá, se uniu ao MIR (sigla em espanhol para Movimento Revolucionário de Esquerda) e começou a viver com o jornalista chileno Pepe Carrasco.

Após o golpe militar chileno, ela e Carrasco passaram a ser perseguidos. Jane Vanini acabou morta pela Dina (a polícia secreta de Pinochet) em 6 de dezembro de 1974. Nilmário conta que a morte de Vanini foi descrita em carta enviada por Carrasco à família da brasileira. O jornalista acabaria sendo assassinado em 1986, como resposta da ditadura daquele país a atentado sofrido por Pinochet.

O governo chileno já havia reconhecido sua responsabilidade no desaparecimento da brasileira e, desde 1994, paga pensão à família. Segundo Nilmário, dos brasileiros perseguidos pela ditadura, 160 estão desaparecidos. Desses, 12 devem ter morrido na Argentina e no Chile, sendo que apenas três deles tiveram seus corpos identificados até ontem. Vanini é o quarto caso.

A identificação da ossada trouxe alívio e paz para a família dela.

- O desaparecimento de Jane já foi um sofrimento grande para nós. A notícia da identificação da ossada traz a esperança de que tudo vai se arranjar. Traz também paz – garante Romano Vanini, irmão de Jane, que mora em Cuiabá.

Dulce Ana Vanini, irmã de Jane, disse ter sido informada da identificação da ossada por Nilmário, na sexta-feira. Segundo Dulce, a família não quis divulgar a informação para se preservar. O ministro, segundo Jane, não deu detalhes sobre como foi o reconhecimento. (Folhapress)

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Militante do PARTIDO OPERÁRIO COMUNISTA (POC).

Nasceu em 25 de janeiro de 1940, em Marília, São Paulo, filho de Francisco Kohl e Rita de Souza Kohl.

Fez seus primeiros estudos no Colégio Canadá, na cidade de Santos, SP. Mudou-se para São Paulo, entrando na Escola de Comunicação da Universidade de São Paulo, onde cursou até o 2° ano.

Teve ativa participação nas manifestações estudantis realizadas na Universidade e nas passeatas de rua. Sua militância no Partido Operário Comunista tornou-o perseguido pelos órgãos da repressão.

Sem alternativas, Nelson exilou-se na Argentina, onde ficou até novembro de 1972. Mudou-se então para o Chile, indo viver em Santiago, trabalhando no Instituto de Estudos Económicos y Sociales.

Nesta mesma época, a 1ª Auditoria do Exército, em São Paulo, julgou-o à revelia, condenando-o a 2 anos de prisão.

Foi seqüestrado pela Força Aérea chilena em 15 de setembro de 1973, desaparecendo a partir de então.

A Comissão de Representação Externa da Câmara Federal para esclarecer os casos dos Mortos e Desaparecidos Políticos, encontrou no Chile o seu atestado de óbito e, segundo o mesmo, ele teria sido morto em confronto com a polícia, dois dias depois de sua prisão. Este atestado foi assinado pelo médico Alfredo Vargas, diretor do Instituto Médico Legal de Santiago, o mesmo que atestou a morte de dezenas de pessoas no golpe de 1973, entre elas a do ex-presidente Allende.

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Militante da VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA (VPR).

Nasceu em 27 de abril de 1926, em Piratuba, São Paulo, filho de José Antônio de Mattos e Luiza Santos Mattos.

Era capitão da Polícia Militar de São Paulo.

Desaparecido desde 1973, aos 47 anos de idade.

Preso pela Operação Bandeirantes, em fins de 1970, foi expulso da Polícia e banido para o Chile, em 1971, quando do seqüestro do embaixador suíço no Brasil, juntamente com outros 69 presos políticos.

Segundo denúncia da ex-presa política Marijane Lisboa, Wânio foi preso e, com sua mulher, levado para o Estádio Nacional, em Santiago, quando do golpe que derrubou Salvador Allende, em 1973, onde morreu sem tratamento médico, em outubro daquele ano.

Somente após o Relatório Rettig (1992), seus familiares tiveram acesso às informações sobre as circunstâncias de sua morte e o Estado Chileno assumiu a reparação financeira.

Sua certidão de óbito, feita em Santiago (Chile), no Hospital de Capaña do Estádio Nacional dá sua morte em 16 de outubro de 1973, tendo como causa mortis “peritonite aguda”. Não há assinaturas de médicos legistas. Lá, como aqui, forjavam-se causas mortis.

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Militante do PARTIDO OPERÁRIO COMUNISTA (POC).

Formado em Física pela Universidade de São Paulo.

Foi preso em 14 de setembro de 1973, em sua casa, no bairro de Barrancas, Santiago. Após ser torturado, foi levado a uma ponte sobre o rio Mapocho, onde foi fuzilado.

O caso de Luiz Carlos de Almeida foi denunciado por outro brasileiro seqüestrado junto com ele e que tem o nome muito parecido com o seu, Luiz Carlos Almeida Vieira, que levou três tiros, mas conseguiu escapar com vida e hoje mora na Suécia. Graças às informações de Vieira e às investigações da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, a Comissão de Representação Externa para os Mortos e Desaparecidos Políticos da Câmara Federal, pôde incluir o caso de Luiz Carlos na lista de investigados pela Corporação Nacional de Reparação e Conciliação, organismo oficial encarregado de resolver o problema dos mortos e desaparecidos durante a ditadura militar no Chile.

Luiz Carlos respondeu a alguns processos e, com mandado de prisão preventiva, exilou-se, então, no Chile.

Em carta de 03 de setembro de 1993 à Comissão de Representação Externa sobre Desaparecidos da Câmara Federal, Luiz Carlos de Almeida Vieira, narra os últimos momentos de Luiz Carlos de Almeida, no Chile.

Afirma que o conheceu em setembro de 1973, alguns dias antes do golpe contra o governo Allende, quando chegou ao Chile. Estava morando com Luiz Carlos quando houve o golpe. Em 13 de setembro, sua casa foi invadida por carabineiros que os prenderam.

Luiz Carlos de Almeida era professor universitário no Chile e após sua prisão foram levados a uma delegacia. De lá, transferidos para o Estádio Nacional, onde foram torturados. Posteriormente, os dois jovens brasileiros e mais um uruguaio que também se encontrava preso, foram transportados, em veículo militar, até às margens do Rio Mapocho. O uruguaio foi, imedidatamente, metralhado ao tentar entrar no rio. O mesmo aconteceu a Luiz Carlos de Almeida. Luiz Carlos de Almeida Vieira perdeu a consciência ao ser baleado e foi levado pelas águas do rio, conseguindo se salvar.

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Ex-militante do PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO REVOLUCIONÁRIO (PCBR).

Engenheiro civil formado em 1969 pela PUC/RJ. Em abril de 1969, foi preso por participação no movimento estudantil, sendo torturado. Foi liberado em agosto, quando terminou seus estudos. Formado, foi trabalhar como engenheiro fiscal de obras na estrada Belém-Brasília. Ao ser condenado a um ano de prisão, em 21 de julho de 1970, voltou ao Rio e pediu asilo na Embaixada do Chile.

Viajou para Santiago em 1° de outubro de 1970, onde morava e trabalhava como engenheiro. Casou-se com Narcisa Beatriz Verri Whitaker, com quem teve uma filha. Ainda na embaixada do Chile conheceu Mário Pedrosa, com quem estabeleu amizade. Influenciado pelas discussões com Mário e seus amigos, antigos militantes do Partido Socialista Chileno, organiza um pequeno grupo, chamado Ponto de Partida, para discutir a experiência da luta armada no Brasil e os caminhos da revolução na América Lantina.

Um dia após o golpe militar no Chile, em 13 de setembro de 1973, foi detido, às 19:30 horas, com sua esposa e levados para a Escola Militar. Em carta de 03 de outubro de 1973 ao Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. Narcisa declara que foi liberada na mesma noite e que Túlio, por não ter um documento em ordem, foi encaminhado para o Regimento Tacna. De posse do documento que faltava a Túlio, sua esposa voltou ao presídio, mas não mais conseguiu encontrá-lo. Deste então, encontra-se desaparecido.

Como resultado dos trabalhos de investigação feitos pela Comissão Nacional de Reparação, seus familiares tiveram acesso às informações sobre as circunstâncias de sua morte e o Estado chileno assumiu a reparação financeira.

Segundo o Relatório Rettig – como ficou conhecido o documento conclusivo dos trabalhos de investigação dos desaparecimentos políticos por ter sido organizado pelo senador chileno do Partido Radical, Raul Rettig – os familiares dos desaparecidos políticos mencionados neste documento puderam solicitar indenização ao governo chileno a partir do ano de 1992.

Em 1993, o governo chileno assumiu suas responsabilidades no assassinato de Túlio, concedendo a sua família uma pensão como forma de reparação.

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