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Eventos - 14 de dezembro de 2014

15 Anos da Justiça Global

 O Grupo Tortura Nunca Mais/RJ saúda os 15 anos da Justiça Global, nossa parceira.

Justiça_Global

A entidade JUSTIÇA GLOBAL, num clima de muita solidariedade, celebrou os 15 anos de ação e defesa, na árdua luta cotidiana, por direitos humanos. Em 04 de dezembro último, no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro.

Um encontro marcado pelo vigor, esperança, alegria e muita emoção. Os depoimentos, de cada homenageada, traduziram a luta que se trava, e a que recomeça todos os dias, na busca por direitos básicos.

O reconhecimento desses direitos é o que a população exige do Estado Brasileiro, e, sabemos grande parte dos agentes oficiais, em exercício, desconhece, descumpre.

Os atos desrespeitando a condição humana e a cidadania não impedem a dor, nem a luta. Gestam a resistência e as raízes da mudança.
Nós companheiras, com meio século de militância contra a opressão do Estado Brasileiro, comovidas celebramos a coragem e o destemor das homenageadas que Brasil afora, quer nas conflitadas áreas onde as disputas por terras abatem trabalhadores e moradores, quer nas inseguras cidades, revolvem entranhas em busca da extensão de direitos humanos e enfrentam muitas formas de violência sem desistirem de denunciá-las e combatê-las com a consciência política adquirida.

Nas palavras de Paula Mairán – Presidente do Sindicato Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro, e uma das quinze homenageadas “Todas mulheres guerreiras de todas as regiões do país que transformaram a sua dor em coragem para mudar a realidade e que contaram e ainda contam em sua trajetória com o apoio dessa ONG valorosa por sua intensa dedicação às causas dos explorados e agredidos em seus direitos”.

A Justiça Global homenageou 15 defensoras de direitos humanos do brasil. As múltiplas frentes de luta ali visibilizadas apontam não só para os trabalhos de resistência dessas mulheres, mas mostram também as várias intervenções realizadas e as parcerias construídas pela Justiça Global em seus 15 anos de vida.

O emocionante ato foi marcado pela informalidade, alegria e vigor e nos brindou com várias e comoventes falas que celebravam a coragem e o destemor das homenageadas vindas das mais diversas partes do Brasil.

Mulheres como:
• Cecilia Coimbra: uma das fundadoras do GTNM/RJ e sua atual Vice-presidente e fez parte também da fundação da Justiça Global, em 1999, junto com James Cavallaro.

• Andressa Caldas: uma das fundadoras da Justiça Global. Foi sua coordenadora, junto com Sandra Carvalho, por 13 anos. Fez parte da Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares no Paraná onde se formou em Direito. Na Justiça Global atuou em importantes frentes como o assassinato de seu amigo e advogado Manoel Mattos e no emblemático caso de Belo Monte.

• Marta Falqueto: uma das fundadoras do Movimento Nacional de Direitos Humanos e membro do Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Serra, no Espírito Santo. Participava ativamente, dentre outras frentes, da luta contra o crime organizado, o encarceramento em massa e, atualmente, coordena o Programa de Proteção dos Defensores dos Direitos Humanos no Espírito Santo.

• Maria Joel Dias da Costa – Dona Joelma: viúva do sindicalista José Dutra da Costa, o Dézinho, assassinado em 2004 pelo latifundiário e madeireiro Décio José Barroso Nunes. Dona Joelma participou e continuou a luta de Dézinho no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará e na Comissão Pastoral da Terra de Marabá. Mesmo tendo sido ameaçada de morte junto com sua família, Dona Joelma continua na luta, tendo sido importante testemunha na condenação do assassino de seu marido.

• Evane Lopes: foi presidente da Associação Quilombola de São Domingos, em Minas Gerais, lutando pela regularização das terras quilombolas e contra as violências praticadas pela mineradora da região. Sofreu vários atentados de morte o que a fez ingressar no Programa de Proteção aos Defensores dos Direito Humanos de Minas Gerais e retirar-se, junto com sua família, de sua cidade natal. Em 2012, passa a integrar o Grupo Nacional Assessor da Sociedade Civil da ONU Mulheres.

• Margarida Tenharin: importante liderança dos Tenharin vem denunciando as violências sofridas por seu povo no Amazonas, em especial, a partir da ditadura civil-militar, com a abertura da Transamazônica que cortou seu território ao meio e deixou um rastro de destruição. Seu povo vem sendo sistematicamente perseguido, preso e dizimado. Fez seu emocionante discurso de agradecimento na língua dos Tenharin.

• Daize Menezes de Souza: responsável por assuntos para mulheres da Associação de Homens e Mulheres do Mar – AHOMAR que vem denunciando os impactos das obras da Petrobrás na Baia de Guanabara, em especial o que vem afetando e impossibilitando a pesca artesanal em Magé, no Rio de Janeiro. Desde 2009, foram assassinados 5 pescadores filiados à AHOMAR e outros continuam sendo ameaçados de morte. Daize tem percorrido o Brasil fazendo formação para mulheres pescadoras e compartilhando suas experiências de luta.

• Nair Ávila dos Anjos: mãe do advogado militante Manoel Mattos assassinado em 2009, em decorrência das denúncias que fazia contra grupos de extermínio que ainda hoje agem na divisa de Pernambuco e Paraíba. Dona Nair que transformou seu luto em luta desempenhou importante papel no processo de federalização deste crime.

• Andréia Beatriz Santos: médica com atuação no sistema prisional bahiano. Faz parte da Campanha Reaja ou Será Morta Reaja ou Será Morto e do Quilombo XIS – Ação Comunitária. Tais movimentos denunciam a violência policial, a ação de grupos de extermínio e o encarceramento massivo da juventude negra. Vários de seus integrantes têm sido ameaçados e assassinados em função das denúncias que fazem. Em agosto de 2013, realizaram a Marcha Contra o Genocídio do Povo Negro na Bahia que mobilizou outros estados como São Paulo e Rio de Janeiro. Em 2014, realizou-se a Marcha Internacional Contra o Genocídio do Povo Negro que mobilizou 18 estados brasileiros e 15 países. Depois desta marcha aumentaram as ameaças e perseguições ao Reaja e ao Quilombo XIS.

• Débora Silva: mãe do jovem Edson Rogério dos Santos, assassinado em maio de 2006 pela polícia paulista que, após ataques realizados pelo 1º Comando da Capital – PCC, matou mais de 500 pessoas, na maior parte jovens e negros moradores da periferia. Débora com outros familiares criou o Movimento Mães de Maio que vem denunciando internacionalmente os crimes cometidos, realizando campanhas para desmilitarização da segurança pública e para o fim dos autos de resistência.

• Deize Carvalho: mãe de Andreu, jovem torturado e morto em uma unidade do DEGASE – Departamento Geral de Ações Socioeducativas, em 2008, no Rio de Janeiro. Passou a militar na Rede de Comunicações e Movimentos Contra a Violência e no Morro do Cantagalo onde vive. Além de buscar a responsabilização pelo assassinato de seu filho, denuncia os abusos e arbitrariedades cometidas pela PM na Unidade de Polícia Pacificadora – UPP onde reside. Por isso, tem sofrido várias ameaças.

• IndianaraCiqueira: presidente do Grupo Transrevolução do Rio de Janeiro, assessora parlamentar do Deputado Federal Jean Wyllis e referência para diferentes coletivos LGBTT e transfemininos. Iniciou sua militância nos anos 90 quando fundou e presidiu o Grupo Filadélfia cujo foco de atuação era a defesa dos direitos das pessoas trans e das prostitutas. Uma de suas pautas é a regulamentação da prostituição como trabalho e a denúncia das violências cometidas contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.

• Maria de Lourdes Lopes, a Lurdinha: coordenadora do Movimento Nacional de Luta pela Moradia – MNLM que se organiza em 13 estados e tem como bandeira a reforma urbana “sob o controle dos trabalhadores e trabalhadoras”, afirmando o cooperativismo como forma de construir novas relações sociais. A Ocupação Manoel Congo, vizinha da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, é um dos exemplos desta luta que tem Lurdinha como referência.
Em sua ausência receberam a homenagem Eduardo e Cristiano, moradores da Ocupação Manoel Congo, responsável pelo excelente buffet que ao final foi oferecido aos presentes.

• Paula Mairan: presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado do Rio de Janeiro desde 2013. Sua gestão inaugurou um espaço aberto aos movimentos sociais e de denúncia contra as violências sofridas pelos jornalistas em seu trabalho diário. Trabalhou nos jornais O Dia, Extra e Jornal do Brasil, destacando-se na produção de matérias vinculadas à violação dos direitos humanos.

• Sandra Carvalho, a Sandrinha: fundadora e coordenadora da Justiça Global. Iniciou sua militância em 1990, quando estudante de Ciências Sociais na USP, atuando no Núcleo de Estudos da Violência – NEV/USP e na Comissão Teotônio Vilela de Direitos Humanos, à qual passou a coordenar em 1993. Integrou a comissão que, em 1992, entrou no Presídio do Carandiru logo após a chacina de 111 pessoas. Ao longo dos 15 anos a frente da Justiça Global tem atuado no enfrentamento à tortura, à violência institucional e à criminalização dos movimentos sociais dos defensores de direitos humanos.

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